Lideranças afirmam que aliança com DEM em Macapá desmoraliza história do partido no Brasil. Nota do partido ameaça expulsar Clécio e Randolfe das fileiras do PSOL caso aliança seja mantida
A aliança anunciada na última quinta-feira (11) entre o PSOL e DEM para o segundo turno da eleição municipal em Macapá, ganhou as páginas dos noticiários nacionais. Enquanto em terras tucujus a aliança era festejada pelo novo, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL) sofria duras críticas país a fora.
Puramente eleitoreira, a aliança foi alvo de críticas dos dirigentes do PSOL nacional que assinaram nota pedindo providências ao presidente do partido, deputado Ivan Valente (PSOL/SP).
A nota chama de “agressão” a aliança entre o candidato Clécio Luis e o candidato derrotado Davi Alcolumbre do democratas que fez coligação com PSDB e PTB.
“É evidente que a candidatura a prefeito de um deputado federal do DEM, apoiada por DEM, PTB e PSDB, só pode ser uma candidatura de direita, da qual não devemos buscar o apoio, e com a qual, muito menos, podemos fazer qualquer aliança programática. Tampouco faz nenhum sentido fazer com estes partidos uma “aliança pela moralidade”. DEM, PTB e PSDB estão na lista de partidos com os quais o DN do PSOL proibiu qualquer aliança nas eleições de 2012. Se esta aliança se mantiver, representará uma mancha que envergonhará e indignará todo o PSOL; obviamente, não se trata de um assunto do PSOL do Amapá apenas”, diz a nota.
Desmoralização
Em um dos trechos a nota é bastante dura com os representantes do PSOL no Amapá. “Um partido cuja razão de ser é representar uma alternativa de esquerda à adaptação da maior parte da antiga esquerda brasileira ao social-liberalismo não pode tolerar esta aliança em Macapá, sob pena de se desmoralizar e de comprometer todo o seu discurso político. A desastrada política encaminhada em Macapá deve ser revertida, ou os responsáveis por ela deverão ser sancionados pelo partido. Se não adequarem sua atuação à linha do partido, não deverão ter lugar nas suas fileiras”, diz a nota publicada ontem (16) no site do PSOL nacional.
Agora o senador Randolfe Rodrigues terá que explicar no Amapá que a aliança tão festejada não passa de apoio unilateral do candidato Davi Alcolumbre. E que se for mantida como declarada poderá trazer sérios problemas à eleição de Clécio Luis na capital.
Para os holofotes globais, o único representante do PSOL no Senado Federal, pediu a cassação de Demóstenes Torres , senador do DEM goiano. Mas em terras tucujus aceitou que o DEM entrasse no arco de alianças para que o novo pudesse disputar o segundo turno em Macapá. Ao que parece em terras tucujus vale tudo, só não vale perder a eleição.
Revolta
A nota do PSOL cearense é ainda mais dura contra a aliança costurada em Macapá a quem chama de “irresponsável, suicida, absurda e injustificável”. Leia na íntegra:
Carta aberta do PSOL/Ceará
O Partido Socialismo e Liberdade, seção cearense, por meio de sua Comissão Executiva Estadual, diante da irresponsável, suicida, absurda e injustificável política de alianças do Psol em Macapá e diante do silêncio das instâncias nacionais do partido e em respeito às resoluções democráticas do partido quanto à política de alianças, se dirige ao conjunto do partido e à sociedade brasileira para:
1. REPUDIAR, da forma mais veemente possível, a aliança realizada pela campanha de nosso candidato à prefeito de Macapá, Clécio Luis, com o DEM e outros setores, candidatos e partidos conservadores e reacionários daquela capital; seu efeito devastador e desmoralizador para o nosso pequeno, mas, aguerrido e necessário partido é semelhante à filiação (e candidatura) de um miliciano no Rio de Janeiro, prontamente rechaçada pela direção nacional do partido.
2. DEPLORAR a postura de nosso único representante na Câmara Alta, o Senador Randolfe Rodrigues, que, negando sua atuação em Brasília de combate ao DEM, às oligarquias e à corrupção (vide a cassação de Demóstenes), patrocina alianças com esses mesmos setores em seu Estado natal, o Amapá.
3. ESTRANHAR o silêncio de nosso Presidente Nacional, Dep. Ivan Valente, cuja trajetória exemplar de combativo militante comunista não se coaduna com a omissão até o presente momento; Ivan não pode passar à história como o dirigente em cuja gestão se patrocina a liquidação – que não queremos consumada – de nosso partido.
4. EXIGIR da Direção Nacional do Partido o CUMPRIMENTO DE NOSSAS RESOLUÇÕES PARTIDÁRIAS, DESAUTORIZANDO, desde já, publicamente essa aliança, DETERMINANDO a não participação de figuras públicas do DEM (e de outros partidos da direita) em nossa Campanha Eleitoral (inclusive no programa eleitoral) e ABRINDO procedimento de ética para apuração da conduta de filiados que se choca contra as decisões partidárias.
5. CONCLAMAR tod@s @s parlamentares, dirigentes, militantes, filiado@s e simpatizantes do PSOL em todo o país a SE LEVANTAR contra essa vil conduta que desonra e envergonha a tod@s nós e a DEFENDER de forma veemente o nosso Partido Socialismo e Liberdade d@s inimig@s, estejam ele/a/s dentro ou fora do partido; o lugar de quem quer se aliar e fazer política com a direita conservadora, corrupta e reacionária não é o PSOL. As campanhas do partido em Fortaleza, no Rio de Janeiro e em outros municípios demonstram que a coerência com nossos princípios é o melhor caminho a seguir.
VIVA O PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE
Fortaleza, 16 de outubro de 2012
Partido Socialismo e Liberdade – Comissão Executiva Estadual – Ceará
Com A Gazeta