Se por um lado alguns militantes apoiaram as declarações de Plínio, o número de simpatizantes e militantes do próprio PSOL que discordaram do fundador do PT foi expressivo e as manifestações se sucedem em sua página pessoal no Facebook
Fundador do PT e candidato do PSOL à Presidência em 2010, o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio disse preferir José Serra (PSDB) a Fernando Haddad (PT) na corrida à Prefeitura de São Paulo.
Aos 82 anos, ele causou uma polêmica ontem pela internet após atacar o petista no Twitter. “O importante agora é derrotar o Haddad porque ele é incompetente e porque sua vitória fortalece o Lula e a turma do mensalão“, disse.
Horas depois, Plínio escolheu outra rede social, o Facebook, para se defender e dizer que seguirá a orientação do PSOL, que prega o voto nulo.
“Oh, meu Deus! Como esse povo gosta de fofoca. O fato de dizer que considero o Serra melhor que o Haddad não implica que deixarei de votar, como sempre fiz, de acordo com o meu partido.”
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Plínio reafirmou as críticas a Haddad e a preferência por Serra, de quem é amigo. “O Haddad é incompetente. É só ver o estrago que foi esse Enem”, disse. “Acho péssimo ele estar na frente. Imagina o Lula se ele vencer.”
O ex-presidenciável disse ter restrições ao tucano, mas o elogiou. “O Serra tem seus problemas. Tem um gênio difícil, é meio direitoso, mas é um homem competente.”
Apesar de declarar sua preferência, ele jurou que seguirá a ordem da sigla ao votar.
O candidato do PSOL, Carlos Giannazi, teve 1% dos votos no primeiro turno, votação pífia se comparada à de Marcelo Freixo, que alcançou 28% no Rio. “São Paulo é mais reacionária”, conforma-se Plínio.
Simpatizantes de Plínio e militantes do PSOL rechaçam comentário do político no Facebook
Se por um lado alguns militantes apoiaram as declarações de Plínio, o número de simpatizantes e militantes do próprio PSOL que discordaram do fundador do PT foi expressivo. As manifestações também foram distintas no que se refere ao entendimento sobre o posicionamento do voto nulo neste segundo turno em São Paulo, numa disputa polarizada entre PT e PSDB. Transcrevemos abaixo algumas das respostas:
Luis Tagore: Dizer que Serra é melhor que Haddad é difícil de admitir! Serra é o pior quadro da política nacional. Ele consegue ser pior do que Sarney, Collor, Renan Calheiros, Bornhausen, Bolsonaro e Roriz.
Bernardo Cortizo: Vai votar NULO mas quer que SERRA derrote HADADD em SP? Poupe-me.
Raphael Chaves Ferreira: Plínio é uma figura política que eu admiro também. Mas me assusta o nível de idolatria acrítica aqui presenciado. Essa declaração do Plínio é incoerente, coloca problemas para o partido e gera mal estar com a base. Sinceramente, fiquei bastante desapontado. Essa declaração é um tiro no pé, Plínio. Serra e Haddad são farinha do mesmo saco. Há muita pouca diferença nos projetos políticos que representam. Você é uma figura de referência no PSOL, quadro político histórico da esquerda brasileira! Independente da sua decisão de acatar a orientação do partido quanto ao voto nulo, você gera um mal estar para a base com esta declaração. O Serra que trata professor como caso de polícia, o Serra da privatização, o Serra da privataria, o Serra elitista… como algo assim pode ser melhor? E não tem essa de menos pior. Ou se mantém a coerência, ou se paga o preço.
Izabel Sampaio: Em que aspecto o Serra pode ser melhor do que o Haddad? Gosto do PSOL, mas essa decisão de votar nulo é incabível. Como vamos nos ausentar desse segundo turno?! Vamos arriscar deixar São Paulo nas mãos crueis dos tucanos de novo? Decepcionada…
Guilherme Gonçalves Da Silva: Não sei… ainda acho que a escolha pessoal sempre tem de estar acima da escolha feita pelo partido! além disso, nos moldes da eleição de hoje, o voto nulo é inútil e simplesmente dá o poder de eleger os políticos ao povo que, na maioria das vezes, é alienado politicamente e se deixa levar por promessas e campanhas levianas.
Leandro Kenji: Entendemos o voto nulo, mas como é possível Serra ser melhor que Haddad? Ele iria administrar a vida privada dos cidadãos melhor, cerceando as suas liberdades?
Em sua mais recente postagem na rede social Facebook, Plínio se diz arrependido da declaração e que deveria ter seguido os conselhos de sua mulher e não tocar no nome de José Serra.
Pragmatismo Politico, com Folha de S.Paulo