Saúde de Assange preocupa Equador, que pretende transferi-lo a hospital
Equador teme pela saúde de Assange e cogita interná-lo em hospital. Segundo Quito, fundador do Wikileaks perdeu peso. Ele está alojado na embaixada em Londres desde o dia 19 de junho
As autoridades equatorianas estão preocupadas com o estado de saúde de Julian Assange e pediram para o Reino Unido garantir passagem segura do jornalista até o hospital, caso seja necessário, informou nesta quarta-feira (24/10) o vice-ministro das Relações Exteriores do Equador.
O fundador do Wikileaks está alojado na embaixada equatoriana em Londres desde o dia 19 de junho e, em 16 de agosto, recebeu asilo político do governo do país sul-americano. Se deixar a representação diplomática, Assange corre o risco de ser preso por oficiais britânicos e extraditado para a Suécia, aonde é processado por abuso sexual.
“Assange emagreceu muito e nós estamos preocupados com sua saúde”, disse Albuja Martinez em entrevista à emissora russa. “Se ele ficar doente, nós teremos que escolher entre duas alternativas: tratar Assange na embaixada ou interná-lo. Essa é uma situação muito séria e pode afetar os direitos humanos de Assange”, acrescentou o vice-ministro.
O Equador pediu ao Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido um documento oficial garantindo uma transferência segura do fundador do Wikileaks até um centro médico. Martinez ainda acrescentou que as autoridades britânicas deveriam assegurar o retorno de Assange à representação diplomática com status de asilado político.
“Até agora, o Reino Unido não concordou com a solicitação, mas está avaliando nosso pedido”, disse Albuja.
O governo britânico disse não ter conhecimento da condição de saúde de Assange, informou o jornal Guardian. “Equador não nos comunicou que Assange está doente. No entanto, se eles o fizerem, nós vamos considerar o assunto”, afirmou um porta-voz.
Perseguição política
As autoridades equatorianas querem que o governo britânico conceda um salvo-conduto para que o fundador do portal, de 41 anos, possa deixar a embaixada e viajar rumo ao Equador. Até agora, Londres não aceitou as condições e as autoridades continuam a negociar.
O jornalista australiano, que lançou o Wikileaks em 2010, é procurado pela Justiça da Suécia por um suposto crime sexual pelo qual ainda não foi acusado ou indiciado. No Reino Unido, Assange travou uma longa batalha jurídica contra sua extradição para o país escandinavo, que se recusava a interrogá-lo em solo britânico. Com a decisão da Suprema Corte do Reino Unido de extradição, o jornalista decidiu procurar asilo na embaixada equatoriana.
Assange teme que, depois de desembarcar na Suécia, os Estados Unidos peçam sua extradição, onde poderá ser julgado por crimes como espionagem e roubo de arquivos secretos cuja condenação pode chegar a pena de morte. O Wikileaks obteve acesso e divulgou centenas de milhares de arquivos diplomáticos norte-americanos, muitos deles confidenciais, e provocou a ira das autoridades.
O fundador do Wikileaks considera a si mesmo um perseguido político pelo governo norte-americano. “O tempo das palavras acabou”, disse Assange em discurso por videoconferência na Assembleia Geral das Nações Unidas. “Chegou a hora dos EUA terminarem com a perseguição ao Wikileaks, a nossa gente e às nossas fontes”.
Marina Mattar, Opera Mundi