Um dos mais seguros do mundo, sistema eleitoral venezuelano une biometria e impressão. Ao todo são cinco processos distintos e separados, o que permite que até quatro eleitores possam votar simultaneamente
Nas eleições desse domingo (07/10) na Venezuela, não será preciso levar uma cola com o número do candidato para o centro de votação. Ao contrário do Brasil, os quase 19 milhões de eleitores aptos a votar escolherão apenas o presidente – governadores e deputados são escolhidos em outras datas. Além disso, no sistema venezuelano o voto é dado também para os partidos políticos.
Cada partido apoia um candidato, logo, na urna eletrônica, haverá 12 fotos do presidente e candidato a reeleição, Hugo Chávez; 22 fotos do opositor Henrique Capriles e um foto de cada um dos cinco candidatos independentes: María Bolívar, Yoel Acosta Chirinos, Reina Sequera, Luis Reyes e Orlando Chirinos. Acosta Chirinos já desistiu da disputa, mas a foto permanece (ver foto ao lado).
Diferente das urnas eletrônicas brasileiras, onde se utilizam números para identificar cada candidato a presidente, na Venezuela cada partido registrado no CNE (Conselho Nacional Eleitoral) terá um espaço com a foto do candidato que apoia. A urna venezuelana é composta por uma tela tátil, como se fosse um enorme aparelho celular touch screen, e uma pequena impressora. O partido que obteve mais votos nas eleições legislativas de 2008 escolhe onde posicionar seu espaço. Neste caso, o PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela), ao qual é filiado o presidente Chávez, é o primeiro da lista. Chavistas e opositores separaram a enorme tela com fotos dos dois candidatos juntas para facilitar a vida do eleitor.
(Cartão com foto e nome dos candidatos à presidência de cada partido que ficará disponível ao lado das urnas eletrônicas)
A sala de votação deverá esta pronta para o voto às 06h. Se não houver mais eleitores nas filas, o local é fechado pontualmente às 18h. Serão 13.810 centros de votação. Dentro deles, 39.322 mesas eleitorais, o que dá uma média de três urnas por local de votação. Geralmente são utilizados colégios da rede pública.
Durante a disputa eleitoral, iniciada em 1 de julho, houve algumas modificações nos 39 partidos que concorrerem às eleições. De acordo com a normativa do CNE, até 10 dias antes das eleições os partidos podem fazer mudanças ou declinar de apoiar algum candidato. Uma dessas mudanças foi a de Acosta Chirinos, que irá apoiar Chávez. Os partidos Vota Piedra, Cambio Pana e Manos por Venezuela retiraram o apoio a Henrique Capriles. Quem escolher por eles estará anulando o voto. O Partido Unidade Democrática também retirou seu apoio a Capriles e migrou para o lado de Sequera. Como nenhuma dessas mudanças pode ser realizada na urna, o CNE vai afixar em todos os centros de votação advertências para os eleitores desavisados.
Ferradura
Outro processo criado para agilizar o voto é o formato de ferradura utilizado na sala de votação. A sala é organizada em cinco processos distintos e separados, o que permite que até quatro eleitores possam votar simultaneamente.
Primeiro, o eleitor apresentará a cédula de identidade e colocará seu polegar direito na máquina para a impressão digital. A urna então é habilitada quando os dados do eleitor aparecem na tela, conferidos com a identidade. Se os dados não aparecerem, o mesário utiliza outros dedos do eleitor. Se mesmo assim a máquina não reconhecer a impressão digital, é utilizada uma planilha de incidência para registrar o fato, verifica-se a documentação, toma-se as impressões digitais do eleitor, e é autorizada a votação.
“Há algum problema com trabalhadores da construção civil, com pessoas mais velhas e com quem faz trabalho manual. Mas das 16 auditorias que foram feitas no sistema até hoje, uma delas foi a revisão das impressões digitais”, explica Karlha Velasquez, jornalista venezuelana especializada no tema.
Depois de terminada essa etapa, o eleitor escolhe na tela tátil seu partido de preferência, entre os atuais 36 que estão habilitados. Aparecerá então em outra tela em frente ao eleitor a foto do candidato, o nome do partido e a opção “votar”. A máquina imprimirá um boleto com o voto para que o eleitor verifique-o e deposite-o em uma urna de papelão que estará ao lado.
O terceiro passo será assinar a ata de presença e colocar outra vez sua impressão digital no caderno. Por último, cada eleitor deverá pintar seu dedo mindinho com uma tinta indelével, também para evitar qualquer tipo de fraude. O eleitor” tem seis minutos para votar”, explica o diretor de planejamento do CNE Luis Piedra. Depois desse tempo, a urna se bloqueia e abre-se para outro eleitor.
Além de todo esse processo, os principais partidos políticos mobilizaram grandes grupos de fiscais para verificar a votação em cada uma das urnas do país. O PSUV terá 50.397 fiscais, a MUD (Mesa da Unidade), coligação de Capriles, 52.776 e o candidato Luis Reyes, 830.
Opera Mundi