Globo, Estadão, Folha, Veja e Época não conseguiram absorver o resultado das urnas na Venezuela, quando até o candidato oposicionista derrotado, Henrique Capriles Radonski aceitou e disse que continuará fazendo oposição. Já anunciou que se candidatará ao governo de Miranda, Estado em que se projetou
É incrível, o resultado da eleição presidencial venezuelana continua levando os colunistas de sempre a destilar ódio contra o Presidente Hugo Chávez. Geralmente estes senhores apresentam argumentos mentirosos ou de meias verdades e se recusam a apresentar fatos que ajudem a opinião pública a formar um juízo sobre as transformações em curso na Venezuela.
Um destes analistas, prestigiado pelo Instituto Millenium, de nome Demétrio Magnoli, afirmou equivocadamente que os chavistas controlam os meios de comunicação. Tal argumento não se sustenta, até porque, dos 111 canais de televisão existentes na Venezuela, 13 são públicos com uma audiência de apenas 5,4%. É o que informam Jean-Luc Mélenchon, ex-candidato presidencial da esquerda francesa e Ignácio Ramonet, um dos editores do Le Monde Diplomatique.
Em termos de mídia impressa, o panorama é ainda mais avassalador. Oitenta por cento dos jornais têm o controle da oposição, radicalmente opositora do governo bolivariano, como El Universal e outros.
Os jornais e os telejornalões brasileiros não informam isso e se limitam a repetir que o Presidente Hugo Chávez controla os meios de comunicação. Utilizam os associados da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que acabaram de se reunir em São Paulo, a técnica de Goebels, o responsável pela propaganda nazista na II Guerra Mundial de que mentiras repetidas acabam se transformando em verdades.
Em O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, bem como nas revistas Veja e Época, entre outras publicações, só existe a verdade do pensamento único.
É realmente de fazer espécie a parcialidade da mídia de mercado brasileira e latino-americana em relação aos acontecimentos na Venezuela. Os veículos não conseguiram absorver o resultado das urnas, quando até o candidato oposicionista derrotado, Henrique Capriles Radonski aceitou e disse que continuará fazendo oposição. Já anunciou que se candidatará ao governo de Miranda, Estado em que se projetou.
A mídia de mercado na Venezuela cansou de apresentar pesquisas, repetidas em todo o continente, anunciando a vitória de Capriles. É visível que a vitória de Chávez por mais de um milhão e 300 mil votos de diferença deixou os veículos sem saber o que fazer.
Não tiveram outra alternativa a não ser ter de informar o resultado. Mas se os leitores pensam que os articulistas e o noticiário de um modo geral mudaram de tom, enganam-se. Nem bem saíram os resultados já começaram a aventar a possibilidade de Chávez não completar o mandato devido à doença que o acometeu.
Os colunistas de sempre não escondem o desejo de ver Chávez morto o mais rápido possível e ainda se valem da Constituição para afirmar que, se em dois anos ele não poder mais governar, serão convocadas novas eleições.
Para se ter uma ideia do fanatismo antibolivariano da mídia de mercado venezuelana, vale a pena mencionar um programa de televisão em que participou o jornalista argentino Jorge Lanata. Este “visionário” previu uma vitória de Capriles com uma diferença de 500 mil votos. Quando começaram a aparecer os resultados, o mesmo Lanata falou em “empate”.
Algumas horas depois do ridículo que fez, o mesmo jornalista “informou” que foi “sequestrado” no aeroporto de Caracas e teve “roubada as imagens do registro do enriquecimento de Hugo Chávez”.
Mas o auge do ridículo ficou por conta do site estadunidense de notícias Huffington Post, que colocou um vídeo na internet de uma criança de seis anos chorando ao ser informada da derrota de Capriles. A direita está divulgando o choro como se fosse um grande acontecimento político.
É este o tipo de jornalismo que tenta incutir na opinião pública que a Venezuela vive uma “ditadura” etc e tal. Os papagaios de pirata por aqui, inconformados com o resultado das eleições, vão repetindo as baboseiras que não se sustentam.
Capriles teve total liberdade de apresentar suas propostas. Andou dizendo até que pretendia continuar as ações sociais executadas pela revolução bolivariana capitaneada por Chávez, chegando até a procurar envolver Lula, que não caiu em seu conto, quando na verdade tentava esconder o seu verdadeiro projeto de fazer o jogo das elites que perderam as rédeas do país desde a ascensão do atual presidente.
Por estas e muitas outras vale acompanhar o noticiário e se prevenir em relação ao que será apresentado de agora em diante sobre o “inferno” venezuelano. Dificilmente os leitores, telespectadores e ouvintes serão informados sobre um fato reconhecido por organismos internacionais, o de que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que mede a qualidade de vida da população, da Venezuela é o melhor da América Latina e se desenvolveu com a política de distribuição de renda colocada em prática desde a ascensão de Chávez em 1998.
Claro que a Venezuela enfrenta desafios, um deles o da industrialização, que é uma das metas atuais da revolução bolivariana. Quando os opositores de Chávez controlavam a Venezuela através do revezamento entre dois partidos, o da social democracia (AD) e o social-cristão (Copei), a burguesia que faz compras e passa os fins de semana em Miami perdeu a hegemonia política. Nunca se conformou e já tentou tirar Chávez por um golpe de estado em abril de 2002 e outras tentativas de desestabilização. Como não conseguiu o intento decidiu mudar de estratégia apostando em Henrique Capriles Radonski.
Mario Augusto Jakobskind, Direto da Redação