Se os defensores das liberdades civis no Brasil acham que temos problemas graves de tentativas de censura e de informações deturpadas de acordo com os interesses dos grandes grupos de comunicação, nos EUA a situação não é muito diferente
As 25 notícias mais censuradas pela grande imprensa corporativa dos Estados Unidos, durante o último ano acadêmico 2011/2012, investigadas há quase quatro décadas por professores e estudantes de sociologia da Universidade Sonoma State da Califórnia, acabam de aparecer no livro Censored 2013, publicado em Nova York, pelo editorial Seven Stores. O texto será apresentado em dezembro, em Santa Rosa, Califórnia.
O ataque crescente à liberdade e a conversão dos Estados Unidos em um estado policial, os decretos “legais” mas em contradição com a Constituição do Ministério de Segurança Pátria, as novas leis que criminalizam a manifestação Occupy, o fomento do novo negócio de “incitação e delação” que, patrocinado pelo FBI, representa lucros de até 100 mil dólares por cada caso pré-fabricado por 15 mil espias internos “autorizados”, a escravidão que existe hoje nas prisões-fábricas estadunidenses com salários de 23 centavos de dólar por hora de trabalho, a situação insustentável da vida dos oceanos, os crimes de guerra da OTAN na Líbia, os resquícios radioativos de Fukushima, que ainda matam habitantes no território dos Estados Unidos, uma pesquisa de Zuyrich que mostra que 147 corporações transnacionais estadunidenses e europeias controlam a economia mundial, os bilhetes impressos pela Reserva Federal de 16 trilhões de dólares doados aos maiores bancos que provocaram a crise e um chamado da ONU para converter os trabalhadores em empresários de cooperativas, são os temas das primeiras 10 notícias top mais ocultadas pelo Censurado 2013.
1. Estados Unidos: Estado Policial
Desde a Lei Patriot Act 2001, Estados Unidos tem cada vez mais vigilância política interna e se militariza às custas das liberdades civis. A aprovação, em 2012, da lei Nacional Defense Authorization Act (NDAA) permite que os militares prendam indefinidamente, sem julgamento, qualquer cidadão dos Estados Unidos, que o governo considere “terrorista” ou “acessório do terrorismo”.
O presidente Barack Obama emitiu o decreto “National Defense Resources Preparedness Executive Order”, que autoriza o mais amplo controle federal e militar da economia nacional e de seus recursos sob “condições de emergência e de não-emergência”. Desde 2010, a campanha do departamento de Segurança Pátria “Se você ver algo, diga algo” chama o público a informar às autoridades locais sobre qualquer atividade suspeita, mas o que a Segurança Pátria identifica como “suspeito” costuma ser críticas ao governo ou protestos não violentas, que são direitos garantidos pela Constituição.
2. Oceanos em perigo
O mar não é infinito nem inesgotável. A subida total da temperatura do oceano levou ao maior movimento de espécies marinhas em dois e três milhões de anos. Um estudo de fevereiro de 2012 de 14 ecossistemas protegidos e 18 desprotegidos no Mediterrâneo demonstrou que esta acabando rapidamente seus recursos. Um estudo científico de três anos mostrou que áreas marinhas que formam a reserva de população de peixes tem cinco a dez vezes mais vida marinha que os lugares desprotegidos.
3. Fukushima mata até nos Estados Unidos
As consequências do desastre nuclear 2011 de Fukushima são maiores que as reconhecidas, ao ponto que científicos estimam em 14 mil as mortes nos Estados Unidos provocadas pela radiação que veio do Japão, de acordo com relatório de dezembro de 2011, do Diário Internacional de Serviços Médicos. A rede detentora de radiação da Agência de Proteção Ambiental (RadNet) tem falhas de mantenimento e equipamentos frequentemente mal calibrados.
4. O FBI é responsável pela mair conspiração terrorista nos Estados Unidos
O Escritório Federal de Investigação implementou um método pouco usual para prevenir futuros atentados terroristas ao desenvolver uma rede de quase 15 mil espiões para infiltrar em diversas comunidades na busca de esquemas terroristas. No entanto, eles realmente estão nos ajudando e animando a gente a cometer crimes para depois denunciá-los e cobrar recompensas de até 10 mil dólares por caso.
5. Reserva Federal imprimiu 16 trilhões de dólares para salvar grandes bancos
Uma auditoria da Primeira Reserva Federal revela que ofereceu ajuda urgente e em segredo de 16 trilhões de dólares aos maiores bancos estadunidenses e europeus em pleno apogeu da crise financeira mundial, entre 2007 e 2010. Desses 16 trilhões de dólares, Morgan Stanley recebeu 107,3 bilhões , Citigroup 99,5 milhões e Bank of America 91,4 bilhões, de acordo com dados obtidos por reivindicando a Lei de Liberdade de Informação (Freedom of Information Act), meses de litígio nos tribunais e uma lei aprovada pelo Congresso.
6. 147 corporações controlam a economia do mundo ocidental
Um estudo da Universidade de Zurich revelou que um pequeno grupo de 147 grandes corporações transnacionais, principalmente financeiras e mineiro-extrativistas, controlam na prática a economia mundial. O estudo foi o primeiro a analisar 43.060 corporações transnacionais e a relação de propriedade entre elas, identificando 147 companhias que formam uma “super entidade”, que controla 40% da riqueza total da economia global. O pequeno grupo, interconectado através das juntas diretivas corporativas, constituem uma rede de poder global vulnerável aos colapsos e propensa ao “risco sistêmico”…, mas dirige o mundo.
7. 2012: ano internacional das cooperativas
As Nações Unidas declararam 2012 como o ano internacional das cooperativas, que manteriam ativas no mundo quase 1 bilhão de pessoas como membros ou donos cooperativos. De acordo com a ONU, a cooperativa será o modelo de empresa de mais rápido crescimento do planeta em 2025 e garante que as cooperativas de trabalhadores-proprietários preveem uma distribuição equitativa da riqueza e uma conexão autêntica no lugar do trabalho, componentes essenciais de uma economia sustentável. (Venezuela descartou este modelo porque mesmo que funcionem com êxito, os trabalhadores-empresários de cooperativas costumam vendê-las – sob pressão ou ofertas tentadoras – às corporações do mesmo ramo).
8. Crimes de guerra da OTAN na Líbia
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) justificou sua intervenção na Líbia sob “princípios humanitários”, mas agora são conhecidas suas ações catastróficas para os seres humanos, como a destruição por bombardeiro, em julho de 2011, da principal instalação de abastecimento de água potável neste país, que abastecia, aproximadamente, 70% da população nacional. E, na tentativa falida de parecer imparcial e objetiva, a BBC revelou, quase um ano depois, que essa informação foi difundida pelos meios independentes, que as Forças Especiais Britânicas desempenharam um papel chave para supervisionar e conduzir à vitória os chamados “combatentes da liberdade” da Líbia.
9. HOY: Escravidão em prisões dos Estados Unidos
Estados Unidos têm pelo menos 5% da população do mundo, mas suas prisões mantêm mais de 25% de toda a população presa do mundo. Muitos desses presos trabalham por 23 centavos de dólar por hora, ou valores similares, em prisões privadas contratadas pela oficina de prisões UNICOR, uma corporação quase-pública, sem fins lucrativos, classificada como a 38º entre os grandes contratistas do governo dos Estados Unidos. Apenas escapam desse trabalho os milhares de presos em solitária, frequentemente presos por castigos disciplinários ou faltas de baixa importância.
10. Lei HR 347 criminaliza os protestos do Occupy
O Presidente Obama assinou em março de 2012 a lei HR 347, que considera “ofensa criminal” participar de manifestações em áreas definidas como “restringidas”, tais como proximidades de edifícios federais e certos parques. Os legisladores violentaram os direitos da Primeira Emenda para criminalizar os protestos do Occupy, que caracterizam como um perigo mundial para a superclasse do 1%, que controla a economia dos Estados Unidos e do mundo, uma vez que fizeram com o serviço secreto utilize mais ou empregue mal as leis atuais para prender manifestantes sob o pretexto falso de atividade criminal.
Ernesto Carmona, Telesur