Após final melancólico da CPI do Cachoeira, governador de Goiás diz em nota que teve investigados seus mandatos e sua vida pessoal sem que conseguissem apontar “um único fato que pudesse incriminar” a ele ou ao governo
O resultado da CPI do Cachoeira nesta terça-feira é mais um ponto positivo na conta política do governador de Goiás, Marconi Perillo. Aliados do tucano e todo o governo estadual já comemoram o fato de a comissão terminar sem relatório oficial e sem pedir o indiciamento dos investigados.
Para a base aliada de Perillo, o fim da CPI com o relatório barrado por 18 votos e sem maiores desdobramentos, é prova da inocência do governador e um presente de Natal. “Foi o presente de Natal mais merecido para o governador Marconi”, disse o presidente da Agetop, Jayme Rincón. O secretário de Articulação Institucional, Daniel Goulart, desabafou em seu Twitter. “A mentira não prevaleceu. O relatório da CPMI do ódio e do rancor do lulopetismo contra @marconiperillo foi rejeitado”, escreveu.
Rincón afirma que nos oito meses de investigação, com sigilos quebrados e demais apurações, não conseguiram encontrar nada que incriminasse Perillo. “Ficou apenas caracterizado que a CPMI foi uma ação coordenada pelo PT para atingir Marconi e proteger alguns acusados do mensalão. O PT só faz lambança e agora os deputados Odair Cunha (PT-MG) e Iris de Araújo (PMDB-GO) é que terão de engolir todas as asneiras que disseram neste ano”, desabafou Rincón.
A base governista agora já prepara o próximo passo: partir para cima dos políticos e prefeituras nas mãos do PMDB e PT que firmaram contratos com a Delta nos últimos anos. A CPI da Assembleia será encarregada deste trabalho e o deputado estadual Talles Barreto (PTB), que é o relator, avisou que os contratos milionários entre prefeituras e Delta estarão em seu relatório.
O fim melancólico da CPI ajuda ainda mais Perillo e suas pretensões de disputar a reeleição. O parecer paralelo aprovado na CPI, que livrou todos de indiciamento, foi redigido pelo deputado do PMDB, Luiz Pitiman (DF). E o fato de poupar a Delta e suas relações com as empresas fantasmas de Cachoeira e com o governo federal mostra que o PT nunca esteve muito a fim de aprofundar as investigações. O que ratifica a tese de que a CPI foi criada para atacar a oposição e desviar o foco do julgamento do mensalão.
Mais uma etapa vencida
Os aliados de Perillo consideram o fim da CPI como outra etapa vencida pelo tucano neste ano de 2012. Uma das primeiras foi o bom desempenho no depoimento na Comissão, quando respondeu por nove horas seguidas perguntas dos parlamentares. A avaliação é que Marconi Perillo sai fortalecido de 2012 após superar os desgastes da Operação Monte Carlo. “Vítima do ódio, furor e inveja do lulopetismo, Marconi vê justiça sendo feita com rejeição da CPMI da vingança”, disse Daniel Goulart.
Vingança
Faltou pouco para que o relatório de Odair Cunha fosse aprovado. Caso o placar ficasse em 17 x 17 em vez de 18 x 16, o voto de minerva seria do presidente Vital do Rêgo, inclinado a acatar o parecer. Neste sentido, foi decisiva a participação do goiano Armando Vergílio (PSD) na CPMI, que votou contra.
“Meu posicionamento é o mesmo desde que percebi a crescente politização do trabalho do relator”, afirma o parlamentar. “O deputado que subscreveu o parecer apresentou um trabalho inconsistente, que não passa de uma peça de perseguição política”.
Armando acredita que o relatório da CPMI foi bolado como tentativa de vingança da base governista contra Perillo, desafeto do ex-presidente Lula desde a época do mensalão.
Brasil 247