Michael Moore: 31º massacre em escolas e ainda não aprendemos
O tiroteio que resultou na morte de 27 pessoas na Escola Primária Sandy Hook, de Newtown, Connecticut, é o trigésimo primeiro dentro de uma escola nos EUA desde que Eric Harris e Dylan Klebold abriram fogo em Columbine, matando 13 pessoas antes de se suicidarem, em 1999, no massacre que inspirou o premiado documentário de Michael Moore
“Muito cedo para falar sobre uma nação louca por armas? Não, muito tarde. Pelo menos TRINTA E UM tiroteios em escolas desde Columbine”. Autor do documentário ‘Bowling for Columbine’ (Tiros em Columbine, no Brasil), o cineasta norte-americano Michael Moore recorreu a sua conta no Twitter para, a exemplo do que faz grande parte dos americanos, demandar que o presidente Barack Obama lidere o enfrentamento ao lobby republicano a favor das armas.
Moore alcançou fama internacional em 2002, quando seu filme sobre o massacre de Columbine, que vitimou 15 pessoas (incluindo os dois atiradores) em abril de 1999, ganhou o Oscar de melhor documentário. Desde então, o cineasta se tornou um dos maiores expoentes contra o lobby da indústria armamentista nos Estados Unidos. Para defender seu ponto nesta sexta-feira, Moore destacou que “nesta manhã, um maluco atacou 22 crianças numa escola primária na China. Mas tudo o que esse maluco tinha era uma faca. Número de mortes? Zero“.
Desde 1982, são 61 os massacres com armas de fogo registrados nos Estados Unidos (confira cada um deles aqui, em inglês), e a maioria dos agressores conseguiu acesso às armas dentro da lei. Diante da banalidade dos motivos que levaram aos ataques, é difícil imaginar que esses massacres teriam acontecido caso os autores não tivessem acesso tão facilitado a armas de fogo. Além de duas pistolas, o atirador da Escola Primária Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, carregava um rifle, algo considerado um direito nos Estados Unidos.
O fato de o massacre de 27 pessoas desta sexta-feira envolver 20 crianças com menos de 10 anos pode enfim contribuir para sensibilizar aqueles que ainda acreditam que a posse de uma arma é garantia de segurança. A impressão, aliás, é que se os EUA não derem um basta à questão agora, não o farão nunca mais. O problema da vez é que a oportunidade para evoluir no assunto surge bem na hora em que o presidente Obama tenta se entender com os republicanos para evitar o abismo fiscal.
Mas é preciso fazer uma opção. Para o cineasta/ativista Michael Moore, “a forma de honrar as mortes dessas crianças é exigir o rígido controle de armas, plano de saúde mental gratuito e o fim da violência enquanto política pública”. Lidar com interesses de um indústria tão poderosa não é fácil, mas os Estados Unidos não podem mais se dar ao luxo de esperar o próximo massacre para mudar.
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