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Senadores se dizem contra 14º e 15º salários, mas só 12 devolvem benefício

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Na tribuna em Brasília, todos os senadores se manifestaram no sentido de repudiar os exagerados adicionais que recebem através dos 14º e 15º salários, mas apenas 12 parlamentares tiveram coragem de devolver o benefício

Veja como eu voto, mas não veja o que eu faço. Esse é o lema do Senado Federal quando o assunto é a mordomia do 14º e 15º salários. Na segunda-feira, 72 dos 81 parlamentares embolsaram R$ 26,7 mil referentes ao 14º. Dias depois, três deles decidiram devolver a regalia, totalizando 12 que desistiram de receber.

O 15º será pago em fevereiro. Os senadores aprovaram por unanimidade o projeto que extingue o benefício, em 9 de maio, mas a proposta está parada na Câmara dos Deputados. Só após passar por duas comissões, e ser votado em plenário pelos deputados, o projeto voltará ao Senado para promulgação.

Só 12 dos 81 senadores abriram mão de regalias

Conforme informação repassada oficialmente pela assessoria de imprensa do Senado, os nove parlamentares que inicialmente não aceitaram receber foram: Ana Amélia (PP-RS), Ana Rita (PT-ES), Cristovam Buarque (PDT-DF), João Capiberibe (PSB-AP), João Ribeiro (PR-TO), João Vicente Claudino (PTB-PI), Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

Na quinta-feira, o Senado encaminhou uma nova lista. Um dia após receber o dinheiro, o relator do projeto, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), encaminhou ofício à Diretoria Geral do Senado informando que devolveria o valor depositado em conta-corrente. “Solicito que sejam adotadas as devidas providências para que sejam devolvidos aos cofres públicos os proventos referentes ao 14º e 15º salários pertinentes ao senador”, diz o documento.

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Dois dias depois, os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS) e Walter Pinheiro (PT-BA) também encaminharam ofício pedindo o estorno.

No microfone

Todos os outros senadores, mesmo votando e declarando publicamente ser contra a regalia, não abriram mão do extra no fim do ano. Durante a votação do projeto em plenário, todos os partidos fizeram uma defesa veemente da necessidade de abolição dos rendimentos adicionais. Nos microfones, alardearam o absurdo e a vergonha de receberem dois salários a mais do que qualquer trabalhador brasileiro. Mas a prática se encarregou de mostrar que a história é bem diferente.

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), por exemplo afirmou, em maio, que os extras se transformaram em uma enorme distorção, mas não abriu mão de receber a regalia agora. “Não faz nenhum sentido que nós, senadores, tenhamos o que popularmente consagrou-se como 14º e 15º, nos distanciando da grande maioria dos trabalhadores brasileiros”, afirmou, na época. Eduardo Suplicy (PT-SP) chegou a sugerir, durante a tramitação do projeto, que os adicionais fossem depositados num fundo de combate à pobreza.

Os senadores que receberam o 14º na segunda-feira ainda podem abrir mão de ganharem o 15º daqui a dois meses.

Estado de Minas