A renúncia do Papa, os 10 anos de PT no poder, a morte do garoto boliviano, o novo partido de Marina Silva e a passagem da blogueira Yoani Sánchez no Brasil
Por Juremir Machado da Silva
Muitos leitores me pedem para entrar em campo e tratar dos assuntos polêmicos do momento. Tirei o pé do acelerador durante alguns dias para descansar, recarregar as baterias e voltar à frente de batalha aceso.
Li Paul Auster e o general Justino Alves Bastos.
Acompanhei a renúncia do Papa, os festejos de dez do PT no poder, a morte do menino boliviano por um sinalizador disparado por um corintiano e a visita de Yoani, a cubana, que está virada em tucana, ao Brasil deste verão.
Adoraria que o Papa tivesse renunciado simplesmente por ser homem, idoso, limitado e, como todo mundo, necessitado, de um dia, parar, aposentar-se.
Parece que as razões são outras: escândalos, lutas internas, poder.
De qualquer maneira, o essencial da renúncia é a aposentadoria. Temos, enfim, um Papa que se retira. Humano, extremamente humano.
Yoani tem toda razão em criticar a ditadura cubana. O stalinismo verde-amarelo tem pego pesado contra ela revivendo seus piores momentos de encantamento com o socialismo real da irrealidade cotidiana.
Ela só não precisava se deixar apropriar pelos tucanos. Está fazendo jogo de política partidária no Brasil, sendo usada descaradamente pelo PSDB. Como não deve ser ingênua, certamente sabe o jogo que está jogando. Ela gosta dos holofotes e está adorando ser estrela da mídia conservadora brasileira.
Quanto aos dez anos do PT no poder, como sou uma alma livre, libertária, sem partido, posso dizer sem hesitação: apesar do mensalão e de tantos outros escândalos, nunca tivemos uma década tão boa para a população brasileira mais desfavorecida do que está de Lula e Dilma em Brasília. O PT e os brasileiros têm boas razões para comemorar os últimos dez anos.
FHC fez uma coisa boa pelo país: a estabilização da moeda. Lula e Dilma, ampliando políticas sociais já existentes ou geração novas – como ProUni – e incentivando política de cotas, turbinando o bolsa-família, tiraram do atoleiro milhões de pessoas. E isso dói em quem não queria dividir o bolo.
Em educação, as gestão de Lula, o “analfabeto” e de Dilma dão um baile nas gestões do doutor Fernando Henrique Cardoso. Elio Gaspari mostra um pouco disso na sua coluna de hoje no Correio do Povo. Em educação superior, o baile é quase constrangedor. As universidades públicas foram reinventadas.
No passado, dois políticos tentaram jogar pesado contra o atraso e pagaram caro por isso: Getúlio, o do último período, teve de suicidar-se. Na falta de argumentos contra a sua política social e nacionalista – aumento de 100% do salário mínimo, Petrobrás, etc. – Carlos Lacerda e a imprensa golpista decidiram que o seu governo era o mais corrupto de todos os tempos. Depois dele, João Goulart tentou ainda mais: resolveu fazer a reforma agrária de que o país tanto precisava. Foi derrubado pelos militares, por Carlos Lacerda, Adhemar de Barros, Magalhães Pinto e outros inconformados sob a acusação de querer implantar o comunismo no país e de ter o governo mais corrupto de todos os tempos. Os lacerdinhas atuais herderam essa obsessão.
Passados 50 anos, UDN (PSDB/DEM) e PTB (PT) continuam a duelar: no meio deles, ainda se encontra Cuba. E o PSD (PMDB/PP), partido das oligarquias regionais, com seus caciques matreiros, velhas raposas comendo pelas beiradas e abrindo mão do poder principal para ter ainda mais poder.
O mais triste do momento é a morte do menino boliviano.
Mais triste ainda é a tentativa de se colocar o futebol acima da vida. O Corinthians (valeria o mesmo para Internacional, Grêmio ou qualquer outro clube) precisa ser duramente punido. O certo era expulsar da competição. Não interessa se vai ter prejuízo esportivo e financeiro. Vai entregar um menino de 17, no Brasil, como autor dos disparos para salvar a cara dos outros.
Será uma armação?
Enquanto o futebol estiver acima da vida, o jogo será rasteiro.
Pronto. Aí está o pontapé inicial.
Que venham os coices!
Ah! Faltou dizer o seguinte: por se sentir politicamente diferente, Marina Silva fez como todo mundo: criou um partido só para ela. No melhor estilo Kassab, quando criou o PSD, ela declarou que seu partido não será da situação nem de oposição. Será, se bem entendi, um partido acima das ideologias. Uau! Agora é só fazer o eleitor cair na rede. Que me desculpem os amigos: nada de novo no front. Assim caminha a humanidade. De quatro. Eis a evolução.
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