Luis Soares
Colunista
América Latina 18/Fev/2013 às 19:31 COMENTÁRIOS
América Latina

Venezuela celebra retorno de Hugo Chávez

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 18 Fev, 2013 às 19h31

De Caracas a Barinas: chavistas celebram retorno de presidente venezuelano. Simpatizantes de Hugo Chávez relembram tentativas da oposição e da mídia de desestabilizar o governo local

Ainda era madrugada quando Hugo Chávez chegou à Venezuela. Logo após o anúncio do retorno, feito nesta segunda-feira (18/02) pelo próprio presidente por meio de sua conta no Twitter, os primeiros fogos foram escutados pelo país, que acordava surpreso com a notícia. Depois de mais de dois meses de tratamento contra um câncer em Cuba, Chávez estava de volta. As ruas de Caracas se encheram de apoiadores portando bandeiras, cartazes e bonecos do presidente, a exemplo de outras cidades. A reação em Barinas não foi diferente. Foi aqui que nasceu o presidente e onde iniciou sua carreira política.

Marta Lucia Yépez, moradora da comunidade Brisas del Llano, conta que recebeu a notícia nas primeiras horas da manhã. “Não tenho vergonha de dizer que chorei de alegria. Ele não podia nos deixar sozinhos, ainda que a revolução não tenha parado. Ele sempre esteve no comando, mesmo doente e, através dos ministros, deu instruções que depois recebemos na comunidade, para poder continuar trabalhando pela revolução. Isso não se detém e agora que ele está aqui não para mesmo, continuamos em revolução.”

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População venezuelana foi às ruas celebrar o retorno de Hugo Chávez ao país após meses internado em Cuba (Efe)

Instalando fios para a iluminação pública no bairro de Sabana Grande, o pedreiro Wilmer Ramones conta que sempre pensou que Chávez estava vivo e bem. “Ele acabou com o show que a oposição tinha montado para nos desanimar com falsas notícias. Seu retorno nos enche de força. Todos somos Chávez.”

“Soube às sete da manhã”, fala Osveida Bermúdez. “Minha irmã me ligou de Ciudad Bolívar, que fica a 10 horas de Barinas. Disse-me muito emocionada: ´Como vocês, que estão na terra de Chávez, não sabem que o presidente chegou?´ Quase tenho um infarto de tanta emoção. Nosso presidente, a quem devemos esta casa, tinha voltado. Chávez é como nosso pai, irmão, mais um membro da família e já estávamos com muitas saudades dele.”

Iván Humberto García Yanes, “Balcero” como é chamado na comunidade, trabalha como técnico de computação. “Chegou o castigo para os que tentam acabar com nossa revolução. Havia muita dúvida e manipulação dos meios e da oposição com relação à doença do presidente. Bom, está aqui, agora vamos ver o que eles têm a dizer”, ri.

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Rafael Vargas, da comunidade Corazón de Jesús, tem a casa enfeitada com fotografias e cartazes de Chávez. A primeira coisa que fez quando soube da volta de Chávez foi içar a bandeira nacional e convocar os vizinhos a fazerem a mesma coisa. “Além de ser um irmão e um amigo, Chávez é um sentimento nacional e qual é a melhor maneira de honrá-lo?”. A casa de Rafael também é um espaço aberto para assembleias populares da comunidade e operativos do Mercal, ponto de vendas de produtos alimentícios subsidiados pelo Estado. “Todos somos Chávez e temos que demonstrá-lo com ações”, conclui.

Caracas

A festa na capital venezuelana começou assim que o sol nasceu. Milhares de apoiadores do presidente se concentraram do lado de fora do hospital onde Chávez está internado e na emblemática Praça Bolívar, local de concentração do chavismo em Caracas.

Vestidos de vermelho, os simpatizantes do presidente traziam mensagens como “eu sou Chávez”, “Chávez descanse que o povo te respalda” e “Pensaram que não voltaria, mas na madrugada chegou Hugo Chávez Frias”.

“Amo o presidente com toda a minha alma. Graças ao Deus todo poderoso por tê-lo trazido de volta para mim”, disse Alexandra Viloria, 43 anos, segurando um boneco de Chávez e usando a cor vermelha de seu Partido Socialista no meio da multidão reunida em frente ao portão do hospital.

“Hoje a Venezuela amanheceu com mais amor e alegria do que nunca, com a notícia de que nosso presidente voltou!”, declarou à AFP Franchesco Gulli, uma das vinte pessoas que celebravam o retorno de Chávez em frente ao hospital militar de Caracas, onde o governante foi internado para continuar o seu tratamento contra um câncer.

Herminia Martinez, de 67 anos, também se juntou à festa logo cedo ao ir para o hospital para uma consulta médica. “Esta foi a maior bênção de nosso Senhor Jesus Cristo, trazê-lo de volta para a Venezuela, porque presidente como Hugo Chávez não teremos nunca mais”, disse a mulher com lágrimas nos olhos, antes de se juntar a um grupo que gritava “Voltou, voltou!”.

Tratamento

O presidente, de 58 anos e desde 1999 no poder, viajou em 10 de dezembro para Cuba para a quarta cirurgia contra o câncer. O governo venezuelano havia divulgado na sexta-feira as primeiras imagens de Chávez durante a recuperação, nas quais aparecia sorridente no hospital ao lado das duas filhas mais velhas.

Durante mais de dois meses, o governo venezuelano divulgou frequentemente boletins curtos sobre seu estado de saúde. Na última informação divulgada, sexta-feira, o governo destacava que Chávez respirava por uma cânula traqueal que dificultava temporariamente a fala. Chávez foi reeleito em 7 de outubro de 2012 para um terceiro mandato de seis anos.

Devido ao tratamento, Chávez recebeu no início do ano, antes da data da posse — marcada para 10 de janeiro –, autorização da Assembleia Nacional para permanecer quanto tempo fosse necessário em Cuba. O TSJ (Tribunal Superior de Justiça) venezuelano corroborou a decisão dos deputados. Agora, a expectativa é a de que Chávez formalize em breve seu segundo mandato.

Se optar por seguir à frente da Presidência, como até agora tem feito, o vice-presidente Nicolás Maduro é quem continuará liderando o governo, assumindo funções que podem ser delegadas por Chávez. Se decidir renunciar para continuar com o tratamento médico, novas eleições devem ser convocadas num prazo de 30 dias.

Gustavo Borges, Opera Mundi

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