Luis Soares
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Eleições 2014 26/Mar/2013 às 19:00 COMENTÁRIOS
Eleições 2014

Aécio Neves usa mais verba para ir ao Rio que a Minas

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 26 Mar, 2013 às 19h00

Representante de Minas, senador Aécio Neves usa mais verba pública de transporte para ir ao Rio de Janeiro que a Minas Gerais

Representante de Minas, o senador Aécio Neves (PSDB) fez para o Rio de Janeiro 63% das viagens bancadas pela verba de transporte aéreo (VTA) do Senado. Desde o início do mandato, o presidenciável pagou com dinheiro público 83 voos, dos quais 52 começaram ou terminaram na capital fluminense. Na maioria dos casos, embarca rumo ao Aeroporto Santos Dumont, o mais próximo da zona sul da cidade, onde passou parte da juventude, cursou a faculdade, mantém parentes e costuma ser visto em eventos sociais.

O Senado pagou R$ 33,2 mil pelos voos a partir do Rio ou para a capital fluminense. Dos 25 que aterrissaram ali, 22 foram feitos de quinta a sábado; dos 27 que decolaram, 22 saíram entre domingo e terça.

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Senador Aécio Neves (PSDB-MG) vive mais no Rio que em BH (Foto: aBr)

Capital do Estado que elegeu Aécio e para o qual, oficialmente, o tucano dedica seu mandato, Belo Horizonte foi origem ou destino de 23, ou 27%, dos 83 voos feitos desde 2011. É menos da metade das viagens com chegada ou partida no Rio.

Segundo a prestação de contas, a frequência de Aécio em Belo Horizonte foi inferior à de Zezé Perrella (PDT), colega na bancada mineira, que assumiu o cargo seis meses depois do tucano, em julho de 2011. Por ora, ele pediu reembolso de 47 passagens, das quais 39, ou 83%, referentes a Belo Horizonte. Ocupante da terceira cadeira de Minas no Senado, Clésio Andrade (PMDB) não voou com verba da Casa, segundo sua prestação de contas.

As passagens de Aécio pelo Rio costumam aparecer em colunas e redes sociais que, não raro, registram sua presença em baladas e eventos cariocas nos fins de semana.

Em tom bem-humorado, em 27 de agosto a imprensa do Rio registrou a participação do senador numa celebração do “PC (Partido do Chope)”, num bar em Copacabana, três dias antes. O Senado pagou R$ 939 pelo voo entre São Paulo e a cidade naquele dia, uma sexta-feira, e mais R$ 172 pelo trecho Rio-Belo Horizonte na segunda-feira seguinte.

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De 24 para 25 de novembro de 2011, quinta para sexta, o tucano foi fotografado em casa noturna de São Paulo deixando o aniversário do piloto Dudu Massa, na companhia de uma socialite. No sábado, foi para o Rio com passagem que custou R$ 420 ao Senado.

Em 2013, Aécio bateu até mesmo senadores fluminenses na apresentação de passagens para o Rio. Até quinta-feira, sua prestação de contas registrava cinco voos para ou a partir da cidade, ante um de Lindbergh Farias (PT), pré-candidato ao Palácio Guanabara. O tucano “empata” com Francisco Dornelles (PP), que também voou cinco vezes; e “perde” para Eduardo Lopes, do PRB, que pediu reembolso de 11 passagens.

‘Quarto senador’. Não só pela presença na cidade, mas por um gesto no plenário, em 2011, Aécio ganhou no Senado o apelido de “quarto senador do Rio”.

Na discussão sobre a redistribuição dos royalties, votou primeiro em favor de proposta de Dornelles que mantinha receitas dos Estados produtores, entre eles o Rio. Dizia que o texto assegurava mais ganhos a toda a Federação.

Segundo a assessoria de imprensa do Senado, a verba de passagens aéreas pode ser usada em todo o território nacional, desde que para “atividades parlamentares”.

O valor a que cada parlamentar tem direito corresponde a cinco voos mensais entre Brasília e a capital do Estado que o elegeu – no caso de Minas, é de R$ 13,4 mil. Como o natural é que cada senador tenha a maioria dos compromissos parlamentares no Estado que representa, essa é a referência.

O gabinete de Aécio alega que o senador tem residência fixa em Brasília, Belo Horizonte e Rio – onde residem sua filha e sua família -, onde passa os fins de semana. Sua assessoria sustenta que ele tem atividades como “parlamentar e agente político” nas três cidades. Mas não informa quais foram os compromissos de Aécio no Rio.

Cota. A verba de transporte aéreo integra, desde 2011, a chamada Cota para Exercício de Atividades Parlamentares. Além do valor das passagens, esse guarda-chuva abriga a antiga verba indenizatória, de R$ 15 mil mensais para cada senador, que cobre, por exemplo, a manutenção de escritórios políticos e divulgação do mandato.

Na prática, não há fiscalização efetiva sobre gastos com viagens dos parlamentares. Procurada na terça-feira passada, a assessoria de imprensa do Senado se negou a responder a perguntas sobre o uso da verba pelos senadores.

Fabio Fabrini, Agência Estado

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