Genocidas da ditadura homenageiam o novo Papa Francisco
Acusados de crimes severos na ditadura argentina homenageiam novo papa Francisco em julgamento. Grupo de militares julgados por atrocidades na prisão clandestina de La Perla trajavam lacinhos com cores do Vaticano
Um grupo militares acusados de crimes contra a humanidade durante a ditadura argentina (1976-1983) apareceu nesta quinta-feira (14/03) em audiência realizada em um tribunal na cidade de Córdoba, trajando broches do Vaticano no lado esquerdo do terno, em alusão à eleição ocorrida um dia antes do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para o novo papa da Igreja Católica.
A rede de televisão C5N e o jornal La Mañana, de Córdoba (noroeste da Argentina), mostraram as imagens dos acusados com os broches, em forma de pequenos laços, nas cores amarelo e branca – as mesmas do Vaticano. O gesto gerou protestos entre os presentes na sala.
Bergoglio, agora rebatizado de Francisco, é apontado por investigadores da ditadura como colaboracionista e de manter laços com os órgãos repressores durante o regime militar – sua escolha foi criticada por ativistas de direitos humanos. A eleição de Bergoglio para comandar a Igreja Católica reabriu o debate do papel da instituição na Argentina durante os anos de chumbo, muitas vezes classificado de complacente e até mesmo cúmplice.
O julgamento, iniciado em dezembro de 2012, determinará as responsabilidades de um grupo de mais de 40 militares por crimes cometidos no centro clandestino de detenção de La Perla, em Córdoba – o segundo maior do país na época. Entre os principais acusados está o ex-general Luciano Menéndez (também conhecido como “A Hiena de La Perla”), que já foi condenado à prisão perpétua em outras sete ocasiões.
O processo está a cargo do Tribunal Oral Federal 1, integrado pelos juízes Jaime Díaz Gavier, Julián Falcucci e José Quiroga Uriburu.
Para esses processos são esperados cerca de 700 testemunhas e, segundo estimativas do tribunal, o caso deve se estender até o fim de 2013.