João Pessoa é a capital onde mais se mata negros no Brasil
João Pessoa lidera homicídios contra negros no Brasil. Índice de assassinato de negros na capital paraibana é quatro vezes maior que a média nacional
João Pessoa é a capital líder em homicídios de negros. A constatação é revelada com destaque em UOL Notícias, que enviou um repórter especial a João Pessoa, Reynaldo Turollo Jr. Ele fala de bairros inimigos, condomínios populares acometidos de insegurança, brigas entre torcidas futebolísticas de um mesmo time, como o Botafogo.
A reportagem coincide com uma entrevista de página inteira divulgada hoje pelo “Jornal da Paraíba“, em que o secretário de Segurança Pública da Paraíba, Cláudio Lima, afirma que o governo tem conseguido êxitos no desafio de conter a criminalidade no Estado, embora reconheça que o quadro ainda é bastante preocupante.
O repórter de UOL informa que João Pessoa é uma cidade dividida e que no coração dos conflitos, centrados na periferia, estão grupos que controlam diferentes áreas da cidade, referindo-se diretamente à “Okaida”, denominação inspirada na rede terrorista Al Qaeda. Os “EUA” simbolizam uma organização que é inimiga da “Okaida”, em território pessoense. A disputa é pelo comando do tráfico ou até mesmo dos presídios onde estão recolhidos remanescentes das duas organizações criminosas.
Há registros sobre freqüentes ameaças de morte, além das ocorrências propriamente ditas e de proibição sobre freqüência de espaços de lazer, afetando jovens ligados aos grupos rivais e jovens que não têm qualquer ligação com o crime nem participam das gangues. A briga das torcidas futebolísticas contribui para incentivar a violência.
João Pessoa registrou 518 mortes violentas em 2012, relacionadas ao tráfico e disputa entre grupos, como constata a Polícia Civil. É a capital com a maior taxa de homicídios contra negros no país: 140,7 por 100 mil habitantes, enquanto a taxa nacional é quatro vezes menor: 36. O historiador e militante negro Danilo da Silva afirma que a situação é estarrecedora e queixa-se de falta de providências concretas por parte das autoridades. O governo do Estado alertou que pode haver discrepância de estatísticas entre os dados fornecidos pelo IBGE e pelo SUS.
O secretário Cláudio Lima, na entrevista a Lenilson Guedes para o “Jornal da Paraíba“, ressalta que investimentos muito fortes têm sido realizados pelas autoridades, mas avalia que a questão da violência é muito complexa em todo o território nacional. Alertou para a sofisticação das organizações criminosas e anunciou que planos estratégicos estão sendo elaborados por determinação do governador Ricardo Coutinho para a redução dos elevados percentuais de criminalidade detectados em diferentes regiões da Paraíba, a partir da sua capital.