'Deram o cartão, mas e a senha? Depois dizem que Deus é ruim'
Em vídeo, deputado-pastor pede doações aos fiéis: 'deram cartão, mas e a senha?'. Marco Feliciano, parlamentar do PSC paulista, é o mais novo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara
“A maioria das pessoas que estão com a conta no vermelho aqui não estão porque ofertaram. Não estão porque abençoaram a igreja com o dízimo, mas porque compraram coisas para si. Se você teve coragem de fazer por si, imagine fazer pelo reino.” Assim começa um vídeo que circula pela internet com imagens de um culto liderado pelo pastor Marco Feliciano, que é deputado federal do PSC paulista e foi eleito hoje (7) como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
A gravação tem pouco mais de 8 minutos e mostra o religioso pedindo dinheiro e doações aos fiéis. “Mais uma moto está chegando aqui”, comemora. “É a última vez que eu digo: Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Daí não vale. Depois vai pedir um milagre pra Deus, deus não vai dar e vai falar que Deus é ruim.” Ao ouvir da plateia um fiel dizer que não tem tanto dinheiro pra ofertar, o pastor responde: “Aquele que crê dá um jeito.”
Conforme as doações vão chegando, a maioria deles em cheque, Marco Feliciano e seus assessores transformam o altar da igreja numa espécie de escritório de contabilidade.
“Isso não te quebra o coração, você vai mesmo ficar com esse dinheiro na carteira?”, insiste o pastor, até que um homem tetraplégico doa mil reais, dá um depoimento e recebe a promessa do religioso. “Ainda vou pregar com você por aí, viu, garoto.”
As doações demoram a chegar e o pastor diz que aceita até cheques de R$ 100 pré-datados para 90 dias. “O que não pode é ficar me olhando com essa cara feia, falando ‘para logo, pastor’. Nós temos uma meta, aqui.” Em seguida, o pastor reclama: “Ainda não veio nenhum carro hoje.” Marco Feliciano explica porque está pedindo dinheiro pela segunda vez no mesmo culto. “A primeira vez, foi oferta, que você dá de bom grado, emocionado. Agora é sacrifício, que você tem que dar tremendo.”