França aprova casamento gay e adoção por casais do mesmo sexo. Deputados da direita avisaram que devem tentar impedir passagem do texto através do Tribunal Constitucional
Por 331 votos a favor e 225 contra, a Assembleia Nacional da França aprovou o direito ao casamento e à adoção de crianças para casais do mesmo sexo. Agora, o projeto, que não sofreu nenhuma modificação em relação ao texto revisto pelo Senado, torna a França o 14º país do mundo e o nono da Europa a adotar a união entre homossexuais.
O projeto começou a ser discutido em janeiro, em um debate que polarizou o país entre apoiadores e conservadores. Ambos os grupos chegaram a realizar grandes marchas por Paris.
Durante a sessão, um homem que tentou invadir a Assembleia com uma bandeira foi detido pelos seguranças, e provocou fortes reações entre os convidados, apoiadores ou não do projeto. A reação fez com que o presidente da Assembleia Nacional, o deputado socialista Claude Bartolone, que chegou a receber cartas com ameaças caso o projeto chegasse a ser aprovado, pedisse para expulsar os presentes mais exaltados, a quem chamou de “inimigos da democracia”, e foi aplaudido por todos os deputados, até os que votaram contra o projeto.
No entanto, os deputados da direita, capitaneados pelo UMP (União por um Movimento Popular), partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy, anunciou que recorrerá perante o Conselho Constitucional, que deverá se pronunciar nas próximas semanas, antes de a lei entrar em vigor, o que é previsto para os próximos meses.
Assim que foi aprovada, parte da bancada da direita abandonou a câmara, enquanto os da esquerda, de pé, aplaudiam e gritavam “Igualdade!”.
A ministra da Justiça, Christian Taubira, considerada a principal responsável pela elaboração do texto, disse estar emocionada diante do avanço histórico que significa a aprovação dessa lei.
“Sabemos que não tiramos nada de ninguém, demos um direito a pessoas que não o tinham. É um texto generoso“, analisou a ministra, que se emocionou especialmente quando lembrou “os adolescentes que foram vítimas de violência por sua orientação sexual”.
“Quero dizer que têm todo o seu espaço nesta sociedade, sem ter que se preocupar por seus gostos, por sua orientação sexual. Não tenham medo nunca mais, vocês não têm nada para censurá-los“, disse.
Além da França, essa medida foi aprovada por Holanda, Bélgica, Espanha, Canadá, África do Sul, Noruega, Suécia, Portugal, Islândia, Argentina, Dinamarca, Uruguai e Nueva Zelândia (nesses dois últimos países a medida ainda precisará entrar em vigor).