Aécio Neves e Eduardo Campos costuram acordo contra Dilma em 2014
Helena Stephanowitz
O pré-candidato ao Palácio do Planalto, em 2014, Eduardo Campos (PSB), montou uma espécie de “dobradinha” com o já candidato senador Aécio Neves (PSDB), para tentar barrar a reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT). Aécio já começou a viajar pelo país e para um não invadir o espaço do outro, o nordeste não é prioridade do tucano. Isso porque na avaliação do PSDB, Campos ajudará a tirar votos de Dilma no Nordeste. O senador tucano tem como meta o Sudeste, mais especificamente São Paulo, atualmente nas mãos do correligionário Geraldo Alckmin.
Antes de, digamos, “fechar negócio”, Campos chegou a sondar o PSDB sobre a possibilidade de Aécio desistir de sua candidatura ao Planalto, lançando o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), para seu vice numa chapa presidencial. Aécio teria, então, a garantia de concorrer ao pleito em 2018, com o apoio de Campos, que também trabalharia pelo projeto de lei do senador, a ser apresentado no Congresso, acabando com a reeleição.
Na segunda feira (20), o jornal mineiro Hoje em Dia publicou uma matéria afirmando que vários socialistas confirmaram a ideia, porém recusando declarações oficiais. “Eduardo jamais pediria para Aécio desistir. Acho que a candidatura dos dois é irreversível. Mas se essa situação de entendimento viesse a ocorrer, seria muito bom para o Brasil”, desconversou o deputado federal Júlio Delgado (PSB).
De acordo com a publicação, a equipe de marketing do governador chegou à conclusão de que o cenário eleitoral para a oposição é difícil. Isto porque a presidenta Dilma tem avaliação ótima ou boa por 65% dos eleitores brasileiros. Em 22 de março, o Datafolha mostrou que se a disputa fosse neste ano a presidente seria reeleita com 58% dos votos. Campos teria apenas 6% e Aécio, 10%. O potencial de votos de Dilma alcança 76%.
Pesquisas interna dos partidos (PSDB e PSB) confirmam os números. Pensando nisso, os marqueteiros de Eduardo Campos concluíram que o governador não tem penetração no Sudeste e Aécio Neves ainda não tem alcance no Nordeste, reduto do pernambucano.
“Hoje, o vice dos sonhos de Eduardo Campos é Anastasia. Além da imagem boa, de bom gestor, ele agregaria Minas Gerais. Se o quadro que Campos idealiza se concretizasse, as eleições não mais seriam decididas no Nordeste, mas no Sudeste”, diz uma fonte.
A proposta será feita, mas aliados de Aécio acreditam que, num primeiro momento, ele a recusará. Em Minas, a candidatura é tida como irreversível. Mas há a possibilidade de, em um cenário desanimador para a oposição, haver uma composição.
Senado
A ideia de Eduardo Campos é ainda tentar unir a ala tucana de São Paulo, que tem rixa histórica com Minas Gerais. Para tentar aparar as arestas, o pernambucano proporia ao ex-governador José Serra a candidatura ao Senado. Se a estratégia fracassar, Campos negociará com o PSDB apoio de candidatos nos estados a ambas as empreitadas presidenciais.