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Agressão contra mulheres no Facebook vira rotina

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Usuários protestam contra mensagens sexistas no Facebook. Conteúdos que mostram violência contra mulheres de forma positiva são tolerados pela rede social

Centenas de manifestantes estão pedindo ações mais duras do Facebook contra posts que, segundo eles, inferiorizam as mulheres.

Mais de 50 mil pessoas já tuitaram em apoio à campanha FBRapen (FBEstupro, em tradução livre) e cerca de 5 mil enviaram e-mails a empresas cujos anúncios aparecem junto do conteúdo ofensivo.

A campanha tem como alvo comentários postados na rede social que retratam estupro e violência contra as mulheres de forma positiva. O Facebook diz já ter removido diversos exemplos.

Uma petição online sobre o assunto também reuniu mais de 220 mil assinaturas.

“O Facebook age em assuntos como antissemitismo e já foi elogiado por isso, mas quando eles vêem imagens de mulheres sendo estupradas, não consideram que isso é um tipo de discurso de ódio.” (Laura Bates, criadora do projeto Everyday Sexism)

A campanha foi organizada por usuários individuais e por 40 grupos de mulheres, incluindo o grupo americano Mulheres, Ação e Mídia (WAM, na sigla em inglês) e o projeto britânico Everyday Sexism (Sexismo Cotidiano, em tradução livre) – uma conta de Twitter que encoraja mulheres a compartilharem situações em que perceberam sexismo.

Em uma carta aberta à gigante das redes sociais, os grupos exigiram “ações rápidas, abrangentes e eficientes em relação à representação de estupro e violência doméstica no Facebook” e dizem ter pedido aos usuários do site para entrar em contato com empresas cujos anúncios aparecem nas páginas denunciadas.

Sky, American Express e os produtos de beleza Dove estão entre as marcas afetadas.

A carta também lista exemplos do material que os manifestantes consideram “inaceitável”, o que inclui grupos de Facebook com títulos como “É por isso que indianas são estupradas” e posts individuais com imagens de mulheres vítimas de abuso.

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Uma imagem, por exemplo, mostra uma mulher deitada no chão no pé de uma escadaria com a frase “Da próxima vez, não engravide”.

Alvo

Em um comunicado, a marca Dove, da empresa Unilever, disse estar “extremamente perturbada” pelas imagens.
“A Dove leva esse assunto muito a sério e não aprova nenhuma atividade que insulta intencionalmente nenhum tipo de público”, disse a diretora global de comunicações do grupo, Stacie Bright.

“Estamos trabalhando para refinar nossas palavras-chave (que determinam a inserção de anúncios) caso outras páginas como essa sejam criadas. Os anúncios no Facebook miram nos interesses das pessoas, não nas páginas. Nós não escolhemos em que local nossos anúncios aparecem.”

Tanto Bright quando o porta-voz do Facebook disseram que os exemplos mencionados na carta foram retirados do site.

“Não há lugar no Facebook para discursos de ódio ou conteúdo que é ameaçador ou incita violência, e não iremos tolerar materiais considerados genuinamente ou diretamente nocivos”, disse o Facebook em um comunicado.

“Tentamos reagir rapidamente para remover a linguagem e as imagens denunciadas que violam nossos termos.

Também queremos tornar fácil para as pessoas denunciar conteúdo questionável usando links localizados no site.”, acrescentou a rede social.

A empresa disse, no entanto, que nem todo o material que os usuários podem considerar “vulgar ou de mau gosto” viola, na prática, as regras.

Frustração

Laura Bates, fundadora do projeto Everyday Sexism, que a campanha nasceu da “completa frustração” de um grande número de mulheres que aderiu à iniciativa para reclamar sobre o material.

“Obviamente é difícil moderar uma plataforma de 1 bilhão de usuários, mas isso está afetando as mulheres de maneira desproporcional”, disse.

“O Facebook age em assuntos como antissemitismo e já foi elogiado por isso, mas quando eles veem imagens de mulheres sendo estupradas, não consideram que isso é um tipo de discurso de ódio. Muitas mulheres estão dizendo que isso as impede de usar o Facebook.”

O site de rede social já foi criticado por remover imagens de mulheres amamentando seus bebês e mostrando o corpo após realizar mastectomias, segundo Bates.

“Não acho que você pode usar a cortina de fumaça da liberdade de expressão quando tira outras imagens que geralmente são de corpos femininos”, afirmou.

Ela disse ainda que os grupos e o Facebook estavam “em contato” e que ambos esperavam por uma resolução imediata para o problema.

BBC Brasil

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