Revista Veja usa linguagem do tempo da Guerra Fria para condenar a vinda de profissionais da área de saúde de Cuba para o Brasil. Segundo a semanal da Abril, por trás dos jalecos estariam espiões comunistas disfarçados de agentes de saúde
Voltamos à Guerra Fria. Pelo menos, é o que se depreende do tom adotado pela revista Veja, ao comentar a possível vinda de médicos cubanos para o Brasil. No índice, a revista já diz a que veio, com a seguinte chamada: “Por que a importação de médicos cubanos vai inundar o Brasil com espiões comunistas”.
Internamente, o texto da repórter Nathalia Watkins não fica devendo. “Deixar o Partido dos Trabalhadores comandar a política externa dá nisso”, avisa ela, na primeira linha. A jornalista afirma que o governo brasileiro se vê obrigado a colocar os interesses nacionais em segundo plano e a ceder aos desejos dos “aloprados” do partido.
O motivo da celeuma é a importação de 6 mil médicos cubanos, que atenderão a população brasileira em regiões distantes, num acordo anunciado pelos chanceleres Antonio Patriota e Bruno Rodríguez.
Segundo a reportagem, o acordo colocará em risco a saúde dos pacientes, uma vez que Cuba teria um dos piores sistemas de saúde do mundo – o que é desmentido pelas estatísticas de mortalidade infantil e expectativa de vida.
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Mas o mais engraçado é a denúncia de que, por trás dos jalecos, estariam espiões comunistas disfarçados de agentes de saúde. Segundo Veja, para cada cinco médicos exportados, vai junto um espião do regime castrista. Portanto, se virão seis mil médicos ao Brasil, serão também 1,2 mil espiões da polícia secreta cubana.