Arnaldo Jabor e Cia agora pedem desculpas?
Arnaldo Jabor, que comparou os manifestantes com membros do PCC e afirmou que eram “burros e rancorosos”, agora pede desculpas. O comentarista da Globo quer pegar carona no fusquinha do povão, mas o povo não é bobo
Marco Antonio Araujo, em seu blog
Agora todo mundo apoia a mobilização que tomou as ruas do País. Começo a ficar preocupado. Tudo conspira para que o movimento seja enterrado vivo logo mais, ao alvorecer deste dia 17. Até o Arnaldo Jabor voltou atrás em suas críticas peçonhentas aos “vândalos” e “arruaceiros”. Então tô fora.
Quando vi as revistas semanais (inclusive a tonitruante Veja) baixarem o tom acintosamente, passando a desdizer tudo que dias antes afirmavam categoricamente, suspirei, mas não me deixei abater. O que fizeram os barões da mídia com todos os editoriais que pediam mais rigor (portanto, mais violência) contra os rebeldes sem causa que ocuparam as avenidas e os noticiários? Quanta cara de pau! Mas ok.
Logo em seguida, Geraldo Alckmin entrou na fila da penitência e, desavergonhadamente, sem pedir desculpas nem nada, informou que a PM não vai mais usar balas de borracha contra o povo de São Paulo. Parou por quê? Por que parou? E, sem perceber o ridículo da sua decisão, também informou que seriam distribuídos coletes de identificação aos jornalistas que se cadastrassem para cobrir o “evento”. Fiquei sem entender: e que abadá o cidadão comum usaria para não levar porrada da polícia? Ato falho, governador!
Comecei a ficar cabreiro. Algo muito grave estava acontecendo. Claro! Esses caras são profissionais. Não à tôa estão no poder há séculos. Devem estar tramando algo bem sórdido, agora que se viram acuados, desmascarados, corajosamente desafiados pelo povo “ordeiro e pacífico”. Lascou.
Eu posso falar de cara limpa que sempre enxerguei o tsunami que vinha logo atrás da marolinha da turma do Passe Livre. Antes de a pancadaria comer solta, defendi a importância vital dessa gente que não aceita ser tratada como gado em ônibus e estações do metrô.
Então, peço licença para me retirar. Ao menos, me permito olhar com profunda desconfiança para essa unanimidade que se criou. Se deixo os inimigos marcharem ao meu lado, sabendo o quanto são poderosos, burro sou eu. Querem pegar carona no fusquinha do povão? Ah, vá. Parasitas. Tudo tem limite.
Simbolicamente, ao retirar todas as canalhices que disse contra a garotada, Arnaldo Jabor está enfiando um punhal nas costas de quem finge apoiar. Se oportunistas como Jabor não forem barrados no baile da cidadania, farão o que sempre fazem: vão ficar de camarote vendo o povo apanhar na rua, para depois desceram no campo de batalha e lamentar os mortos e feridos. Crocodilagem pura.
Sai pra lá, Jabor e companhia! O povo não é bobo. O povo não é bobo. Conhece esse refrão?