O “pequeno” e “espremido” asilo político de Julian Assange em Londres. Com temor de ser extraditado aos EUA, criador do Wikileaks vive há 1 ano em escritório com espaço equivalente a uma sala de aula
O bairro de Knightsbridge, localizado no centro de Londres, é conhecido no Reino Unido pelo alto custo de vida e por ser abrigo de luxuosos prédios executivos. É também reduto de diversas comitivas internacionais: França, Paquistão, Turquia e outros países têm escritórios oficiais na região. Na rua Hans Crescent, próximo à avenida Brompton – cartão postal da cidade -, se localiza a Embaixada do Equador.
O local é pequeno e não goza dos requintes e nem do conforto dos vizinhos de Knightbrigde. A imprensa europeia costuma caracterizar o prédio como “pouco ventilado”, “pequeno e esprimido”, comparado aos palácios que circundam a rua. “É um escritório, feito para o trabalho comum de uma embaixada”, afirma o embaixador do Equador no Brasil ao Opera Mundi.
Em 19 de junho de 2012, quando conseguiu escapar da custódia britânica, Julian Assage não teve tempo hábil para se mudar para a residência oficial do embaixador equatoriano em Londres. Às pressas, antes sofrer qualquer represália do Reino Unido, se refugiou no asilo político oferecido pelo Equador na embaixada de Knightbridge.
“Estou disposto a ficar mais cinco anos aqui se for preciso”, afirma o criador do Wikileaks e, agora a um ano, morador ilustre do local.
“Onde ele mora não é um local para residência. É um local muito difícil para viver e não tem condições para uma vida digna. O governo britânico conhece as condições precárias no qual Assange vive e, violando os direitos humanos, não permite que ele saia do local, pois, uma vez fora, será preso”, afirma Horacio Sevilla Borja.
Na semana passada, em entrevista à imprensa australiana, Assange, de 41 anos, afirmou “se sentir bem”. No entanto, “sofre com o desgaste natural de quem vive mais de um ano em um pequeno escritório, menor que uma sala de aula”, afirma, o advogado e representante de Assange nos EUA, Michael Ratner. “Fisicamente ele está bem, apesar que algum banho de sol e algumas caminhadas longas poderiam fazer muito bem”, afirma Ratner.
Segundo a imprensa britânica, Assange recebe esporadicamente visitas que tentam amenizar o clima de tensão com “música e dança”. Sua assistente Sarah Harrison é a mais frequente no local.
Ele também recebe pessoas que o ajudaram a pagar a fiança, como, por exemplo, o jornalista John Pilger, ou Vuaghan Smith, que alojou Assange em Norfolk durante mais de um ano, enquanto ele combatia na justiça britânica o pedido de extradição para a Suécia. Não existem registros de visitas à Embaixada do Equador por Daniel Assange, filho do criador do Wikileaks.
Embora afirme que está pronto para continuar no local o tempo necessário para um acordo diplomático, o criador do Wikileaks já tentou diversas alternativas de se deslocar até um aeroporto internacional, onde conseguiria voar para o Equador.
“Nós sabemos que a polícia do Reino Unido foi orientada a quebrar as leis internacionais e me prender mesmo se eu estiver em um carro diplomático e tiver imunidade diplomática”, disse Assange a imprensa internacional.
Dodô Calixto e João Novaes, Opera Mundi