Paulo Fonteles Filho relata horrores dos pais torturados durante a ditadura militar e o tratamento absurdo que era dado a filhos de opositores do regime: “filho dessa raça não deve nascer”
Nascido no cárcere da ditadura militar (1964-1985), Paulo Fonteles Filho lembra sempre das histórias contadas por seus pais, Paulo Fonteles de Lima e Hecilda Meire Ferreira Veiga, que foram presos e torturados.
Os dois se conheceram em Belém (PA) e militavam juntos na Ação Popular. Mais tarde, foram estudar na UNB (Universidade de Brasília), no Distrito Federal.
Paulo nasceu no dia 20 de fevereiro de 1972, no hospital do exército de Brasília. Segundo ele, sua mãe teve um parto emblemático.
“Cortaram minha mãe de uma ponta a outra, sem anestesia. A braveza da minha mãe era tanta, que se dizia pelos corredores do hospital que não acreditavam que uma mulher, que tinha passado por maus-tratos, não falasse um ‘ai’ durante o parto. Além disso falavam, pelos cantos, que ‘filho dessa raça não deve nascer’”.
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De tanto ouvir as histórias repassadas por sua família, ele sempre se lembra de um fato curioso:
“Quando nasci, os militares me afastaram de minha mãe e ficaram de me entregar à minha avó. Demoraram tanto que minha família ficou preocupada. Quando realmente me entregaram, disseram que a demora ocorreu porque não tinham algemas para os meus pulsos”.
Abaixo, o relato de Paulo ao Jornal GGN: