“Aposto que você nunca pensou que, ao disparar num homem negro, acabaria herdando todas as suas batalhas”
Em meio à indignação geral nos Estados Unidos e no mundo pela absolvição de George Zimmerman, surgiu nas redes sociais uma comovente carta que se difundiu rapidamente entre os indignados com o caso.
George Zimmerman trabalhava como vigia na cidade de Sanford, no estado da Flórida. Em fevereiro de 2012, ao abordar o jovem negro Trayvon Martin, de 17 anos, Zimmerman disparou e terminou com a vida do estudante, que estava desarmado.
Neste fim de semana, a Justiça dos Estados Unidos absolveu Zimmerman, por considerar que sua ação foi em legítima defesa. A resolução se deu através de um juri, conformado por seis mulheres brancas, que decidiram de forma unânime. Organizações de direitos humanos afirmam que a acusação não levou em conta a questão racial durante o julgamento, o que favoreceu a absolvição. Em pronunciamento oficial, Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, pediu que se respeitasse a decisão da Justiça.
Entre as muitas manifestações que ganharam as ruas estadunidenses e inundaram as redes sociais, ganhou destaque a de Alex Fraser, um cidadã0 afroamericano, que publicou uma carta dirigida a Zimmerman em sua conta no Facebook, na que denuncia o que significa ser negro nos Estados Unidos.
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A carta diz o seguinte:
Querido George Zimmerman,
Pelo resto da sua vida, você sentirá o que é ser um homem negro nos EUA.
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Sentirá que as pessoas ficam olhando para você. Estarão te julgando por coisas que você considera injustas. Você perderá a oportunidade de conseguir certos trabalhos por motivos que estão fora do seu controle. Você pode se achar um cidadão honrado, mas se perguntará por quê as pessoas preferem prejulgá-lo.
Alguns cruzarão para a outra calçada ao ver você. Alguns te insultarão. Em dias que a raiva for muito forte, você vai querer gritar com o mais profundo da sua alma. Mas, no dia seguinte, terá que levantar da cama, manter-se firme e seguir adiante.
Aposto que você nunca pensou que, ao disparar num homem negro, acabaria herdando todas as suas batalhas.
Desfruta a sua “liberdade”.
Atenciosamente,
Um homem negro que poderia ser Trayvon Martin.
Victor Farinelli, em Maria Frô