Deputado russo propõe legalizar açoitamento público de homossexuais. Líder da causa LGBT criticou declarações e lamentou onda de homofobia. Lei anti-propaganda gay foi aprovada em junho
O vice-presidente da Assembleia Legislativa da região russa do Transbaikal, Alexandre Mikhailov, propôs na última semana uma lei que permitiria açoites públicos de homossexuais. Em entrevista ao portal Chita.ru, Mikhailov disse que quer incentivar o “senso comum das pessoas sobre essa vergonha” (as relações homossexuais).
“Ontem (19), eu li uma notícia sobre o médico Nikolay Govorin, que criticou as leis europeias de matrimônio para homossexuais. Muitas pessoas comentaram essa notícia e pediram tolerância a Govorin e proteção dos direitos dos homossexuais e dos pedófilos”, afirmou Mikhailov, ressaltando que discorda do pedido por tolerância.
Ele declarou que a região russa do Transbaikal precisa passar uma lei “que permita que os paraquedistas prendam os gays, levem-nos para as praças e que lá sejam chicoteados pelos cossacos”. Segundo ele, “na Rússia, a bunda era utilizada para fins educativos, não para fazer amor – é assim que deve ser”.
Mikhailov também disse que a questão das relações entre pessoas do mesmo sexo esconde vários problemas, especialmente a respeito da defesa do país, da demografia e dos crimes sexuais.
O organizador da Parada Gay de Moscou, Nikolai Alekseev, disse no Twitter que está pronto para receber as chicotadas. E ironizou: “Já que a Rússia quer voltar à Idade Média, é preciso ser coerente. Vamos cortar as mãos dos políticos e funcionários públicos que forem pegos roubando. E que isso seja feito na praça central de cada cidade, como um espetáculo”.
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Alekseev disse que que atualmente há uma competição na Rússia para saber quem tem a “ideia mais insana” e consegue chegar às capas de jornais. O ativista lembrou também que ontem o presidente Barack Obama fez um discurso em Berlim sobre liberdade e direitos humanos, incluindo o direito de amar e de registrar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Você olha para isso (o discurso de Obama) e acha que é uma realidade paralela. Ao mesmo tempo, aparecem deputados que propõem que uma classe de pessoas sofra punições físicas”.
O proeminente líder da causa LGBT da Rússia disse ainda que essas iniciativas não desacreditam somente o poder na Rússia e as pessoas que estão no poder, mas desacreditam o país como um todo.
Lei anti-propaganda gay
Em 11 de junho, a Rússia aprovou uma lei que pune qualquer ato de “propaganda homossexual” em frente a um menor de idade. A lei foi aprovada pela Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo) por 436 votos a favor, uma abstenção e nenhum voto contra.
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O descumprimento da lei pode significar uma multa de até 5 mil rublos (R$ 340) para pessoas físicas, 50 mil rublos (R$ 3,4 mil) para pessoas públicas e o estratosférico valor de 1 milhão de rublos (R$ 67,8 mil) para as entidades jurídicas.
A deputada Elena Mizoulina, co-autora do projeto, comemorou a aprovação da lei. “As relações sexuais tradicionais são relações entre um homem e uma mulher. Estas relações precisam ser protegidas pelo governo”.