Jovem teria sido estuprada durante ocupação da Câmara de BH
Manifestante teria sido estuprada durante ocupação da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Jovem de 21 anos disse à polícia que foi violentada por ‘colega de manifestação’
Um caso de abuso sexual foi registrado durante a ocupação da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, na última terça-feira (6). Uma jovem de 21 anos procurou a Delegacia de Mulheres para denunciar que foi abusada por outro manifestante durante a madrugada.
De acordo com o novo Código Penal, qualquer violência sexual pode ser considerada estupro. Anteriormente, apenas era considerado crime de estupro a penetração vaginal. Além disso, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o crime pode acontecer mesmo sem uma agressão física, com atitudes sutis como, por exemplo, o toque no corpo da vítima.
Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Militar (PM), a jovem relatou que, por volta de 0h30, ela encontrou um rapaz que estava sem lugar para dormir. Por conhecê-lo de outras manifestações, ela o convidou para dormir em sua barraca. Durante a madrugada, o jovem tentou beijar a moça na boca, mas ela recusou e ele saiu da barraca. Pouco depois, ele teria voltado e obrigado a vítima a pegar em seu órgão genital. Segundo a jovem, ela tirou a mão, porém o suspeito insistiu e novamente a forçou a tocá-lo. Ele também teria passado a mão em suas coxas e costas. A jovem disse aos militares que não reagiu porque estava cansada e sonolenta. O rapaz, então, saiu da barraca.
No Facebook, a vítima agradeceu a demonstração de carinho e conforto que recebeu depois do fato. “Reconheço o quão frívolo é esse tipo de demonstração de gratidão, mas que fique registrado aqui o calor de um milhão de abraços que sinto com todo o apoio e tentativa de conforto diante do abuso que sofri (…), enquanto eu dormia, durante a ocupação da Câmara Municipal de Belo Horizonte”, afirmou. Ela disse, ainda, que as “medidas jurídicas já foram tomadas”.
A delegada Elizabeth de Freitas Assis Rocha, da Delegacia da Mulher, informou que a investigação está em andamento, porém ainda não há novidades.
Nota do movimento
Em nota publicada no Facebook, representantes da Assembleia Popular Horizontal informaram que após o fato ocorrido nesta terça, outros casos de violência, sutis e graves, chegaram ao conhecimento do movimento. Segundo eles, foi convocado um círculo de segurança entre mulheres para que o assunto fosse discutido. A decisão tomada foi que os agressores saíssem da ocupação, entretanto, a maioria dos manifestantes desconsiderou a ideia e chegou a duvidar da veracidade das histórias.
Uma outra reunião teria sido realizada na quarta-feira (7), mas, de acordo com o comunicado, “a questão do machismo e da violência continuou sendo tratada com ironia e escárnio, demonstrando total falta de respeito e crítica frente a questões tão graves e urgentes”.
Por fim, os representantes afirmaram que atitudes machista ou intolerante não serão aceitas no movimento.
Aline Diniz, O Tempo