Vázquez acena com regulação do consumo de cocaína no Uruguai. O candidato presidencial da Frente Ampla defendeu uma vasta política de debate sobre drogas lícitas e ilícitas
Recentemente confirmado como nome do governo para disputar a presidência do Uruguai em 2014, Tabaré Vázquez acenou com a possibilidade de regular o consumo de cocaína na esteira do atual debate do controle da produção e do uso de maconha no país. Vázquez, que já presidiu o Uruguai de 2005 a 2010, abordou o tema durante entrevista a um programa de rádio na noite dessa quarta, mesmo dia em que confirmou ser o candidato presidencial da coalizão governista Frente Ampla.
“Sim”, disse Vázquez quando questionado pelo jornalista sobre a legalização da cocaína como eventual consequência da lei da maconha, recentemente aprovada pelos deputados uruguaios. “Sim, (mas) creio que não é liberar o consumo, temos que educar, mas temos que regular o consumo das drogas. Vende-se tabaco, não proibimos seu consumo. Temos que respeitar a liberdade individual, mas essa liberdade não pode ir além do direito que têm aqueles que consomem tabaco”, explicou o candidato.
Vázquez afirmou não ser consumidor das drogas ilícitas e explicou que, mais que uma medida de ampliar a legalização dos entorpecentes em direção à cocaína, sua posição é de uma política coesa que dê conta do problemas das drogas legais e ilegais como um todo. “Não nos deslumbremos por discutir o tema da maconha, pois há outras drogas que provocam mais mortes, como o álcool e o tabaco. Temos que abrir um amplo caminho de informação à população sobre estes temas”, disse ele, para quem o consumo de drogas é uma realidade “inevitável”.
O Uruguai logrou recente notoriedade internacional quando o governo da Frente Ampla do presidente José Mujica encabeçou um projeto de legalização da maconha. Pelo projeto de lei, recentemente aprovado pelos deputados e à espera do sim dos senadores, a produção da droga se torna monopólio do Estado, que também se torna responsável por sua comercialização, com base em cadastro dos usuários. A proposta parte do princípio que a batalha contra o tráfico é inerte e que é mais barato e vantajoso controlar o comércio dos entorpecentes que declará-lo ilegal.
Terra Magazine, com informações do jornal El Observador