A primeira paralisação estudantil da história do ITA
Estudantes do ITA fazem primeira paralisação da história do instituto. Reitoria promete atender a maior parte das demandas já neste semestre
Na última terça-feira (27) os alunos do ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica) fizeram a primeira paralisação da história do instituto. A iniciativa, previamente determinada para se estender por apenas 24 horas, tem como reivindicações mudanças no sistema pedagógico e de avaliação, além de maior representação discente e combate a casos de abusos cometidos por professores por parte das instâncias superiores do instituto.
A paralisação foi aprovada em assembleia por cerca de 300 alunos, 70% do corpo discente. Em nota, o Casd (Centro Acadêmico Santos Dumont) relacionou todas as reivindicações dos estudantes: abertura de sindicâncias para casos de abusos evidentes por parte de docentes; afastamento do professor da disciplina se solicitado por 100% dos alunos; garantia de ampla defesa ao aluno em situação de desligamento; aproveitamento dos créditos já realizados no semestre anterior por alunos com o curso trancado.
Além destas reivindicações, o Casd enumera outras consideradas urgentes e que precisam ser atendidas pela reitoria de imediato como a transparência na distribuição de pesos nas questões de avaliações; esclarecimento dos critérios de correção; definição das regras do sistema de avaliação de cada disciplina no início do semestre; criação de um mecanismo que permita aos alunos invalidar uma avaliação incoerente com o conteúdo ministrado em sala de aula; cópia de avaliações antes da correção para evitar que, no caso de uma reavaliação, o segundo corretor não se sinta constrangido em alterar a nota de um colega docente; e que a atividade de docência tenha mais peso na progressão de carreira do professor e que a avaliação dos alunos sobre o mesmo seja considerada neste processo.
“Decidimos paralisar as atividades pedindo mudanças tanto no sistema pedagógico quanto no processo avaliativo. Próximo à paralisação, o reitor pediu para chamar os professores para debater os problemas junto a eles. A reunião foi muito positiva. Muitos professores não tinham ideia do quão desmotivados os alunos estavam. Já tínhamos tratado dessas reivindicações antes, mas sem um resposta mais efetiva e um prazo da direção. Com a paralisação, tivemos a palavra do reitor de que haveria a formação de um grupo de trabalho para dar encaminhamento a 90% dessas reivindicações”, disse em entrevista ao jornal O Globo, Marcus Gualberto Ganter, presidente do Casd.
Carlos Américo Pacheco, reitor do ITA, afirmou que a maioria das reivindicações dos alunos convergem com os planos da instituição e serão atendidas. Pacheco afirmou ainda que o instituto está em processo de reformulação e implantação de uma parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e que, portanto, uma reforma no sistema pedagógico já era prevista, mas que este processo leva tempo.
“A agenda dos alunos é bastante pragmática, de coisas menores. A reforma é mais ampla, de tentar mudar a abordagem do ensino da engenharia. Boa parte das reivindicações dos alunos é fácil de atender no curto prazo. O ITA tem um regime muito duro de avaliação. É muito difícil entrar na escola. O questionamento maior é de poucos casos, um em cada curso, em que há uma sobrecarga de trabalho ou critérios de avaliação pontuais. Eles reclamam do regime muito duro no conjunto: carga e pressão muito grandes. Boa parte do que foi conversado vamos ver como operacionalizar ainda este semestre”, disse o reitor.
Por fim, Ganter afirma que o Casd irá trabalhar para que a palavra do reitor seja, de fato, cumprida. Segundo o presidente do entidade estudantil, as reivindicações precisam ser transformadas em moções que posteriormente, tem de ser aprovadas pela Congregação do instituto.
Revista Fórum, com O Globo