Sexualidade de Tchaikovsky é censurada em documentário russo. Filme financiado pelo Ministério da Cultura da Rússia prefere se omitir sobre suposta homossexualidade de compositor
A controversa lei russa contra a propaganda de “relações não tradicionais aos menores de idade” parece não ter poupado nem mesmo figuras gays históricas do país.
Segundo o jornal russo Izvestia, um documentário que está sendo produzido na Rússia conta a história do compositor Piotr Tchaikovsky sem a parte que fala sobre a alegada homossexualidade do artista.
Mais do que omitir, o roteirista Yuri Arabov negou que Tchaikovsky fosse gay. Segundo ele, o filme quer mostrar o compositor como um homem “sem família que ficou preso nesta ideia de que supostamente amava outros homens”. O roteiro de Arabov sugere ainda que Tchaikovsky sofria com estes rumores.
O jornal independente Novaya Gazeta afirmou esta semana que uma de suas colunistas teve acesso à versão original do script no início deste ano e que o filme retratava o sofrimento de Tchaikovsky por causa do amor que ele sentia por um jovem rapaz. Na versão final, revisada cinco vezes, o assunto não é nem mesmo mencionado. A colunista do jornal insinua que o roteirista Arabov está sendo cauteloso devido à nova lei sobre “propaganda gay”. O filme é financiado pelo Ministério da Cultura. Arabov preferiu não comentar.
Em março deste ano, o ministro de Cultura russo, Vladimir Medinsky, declarou: “Preferências sexuais não devem ser mostradas, não devem ser discutidas, não na televisão, não no parlamento, não em um evento com 500 mil pessoas”.
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Avança o projeto de cura gay
Em entrevista coletiva em Moscou, o deputado Mikhail Degtryarev disse que está sendo levado para a Duma (câmara baixa da Assembleia Legislativa russa) um projeto que reinstaura a proibição de doação de sangue por homossexuais. O deputado argumenta que a maioria dos países ocidentais já tem esta proibição, citando Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Israel.
“Vamos sugerir alterações na lei sobre os doadores de sangue e reintroduzir a homossexualidade na lista de contraindicações”, explicou o deputado Mikhail Degtyarev, que é candidato à prefeitura de Moscou pelo partido nacionalista LDPR. As eleições acontecem no dia 8 de setembro.
Sem citar fontes, Degtyarev disse em coletiva em Moscou que a medida não é discriminatória porque “65% das pessoas HIV-positivas são homossexuais”.
O deputado disse ainda que a Duma está trabalhando em um projeto que ofereceria aos gays consultas anônimas com psicólogos, psicoterapeutas e sexólogos que iriam ajudá-los a “voltar a ter uma vida normal e tornar-se heterossexuais, como são entre 95 e 99% dos nossos cidadãos”.
Pesquisas recentes do Centro de Opinião Pública Levada indicam que 16% dos russos acreditam que os homossexuais devem ser isolados da sociedade, 22% pensam que os gays devem receber tratamento obrigatório e 5% acham que eles devem ser exterminados.
A Rússia vive uma crise demográfica e estima-se que a população vá diminuir de 143 milhões para 139,3 milhões em 15 anos.