Estudante da UFRGS recebe ameaça homofóbica
“Estou olhando para todos os lados e evitando andar sozinho pelo Campus. Isso nunca tinha acontecido comigo. É um absurdo ser discriminado e ameaçado por causa de orientação sexual”
Um aluno da pós-graduação em História pela UFRGS foi ameaçado, na última semana, por um estudante da graduação do mesmo curso. Na terça-feira (10), o acadêmico e professor de História Diego Soca recebeu uma ameaça em sua caixa de mensagens no Facebook. “Se eu te ver na rua, tu vai contribuir para o movimento LGBT ao adicionar um número nas estatísticas mentirosas e fraudulentas que vocês inventam sobre violência ‘homofóbica’”, escreveu o estudante.
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Diego, que não conhecia o agressor, acredita que pode ter sido visto por ele no Campus do Vale, onde ocorrem as aulas do curso de História e da pós-graduação na mesma área. Após a ameaça, o professor registrou imagens da mensagem e protocolou denúncias no Disque 100 da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Diego também registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na 10º Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, além de ter entrado em contato com o Coletivo Ovelhas Negras, da UFRGS, e com o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU), que estão acompanhando o caso. O Coletivo Ovelhas Negras estuda, inclusive, a realização de uma parada gay dentro da universidade para debater homofobia e preconceito.
Com o aconselhamento dessas entidades, Diego irá encaminhar uma representação contra o aluno da graduação junto ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Ainda existe a possibilidade de o SAJU ingressar com uma queixa-crime contra o estudante.
“Estou olhando para todos os lados e evitando andar sozinho pelo Campus do Vale. Isso nunca tinha acontecido comigo. É um absurdo ser discriminado e ameaçado por causa de orientação sexual”, lamenta.
Diego espera que as denúncias junto à UFRGS e o apoio das entidades estudantis possam pautar um debate sobre a homofobia na universidade. “Estou denunciando porque espero que isso tenha um efeito pedagógico. Ele precisa se dar conta de que não pode ameaçar as pessoas e espalhar discursos de ódio por causa de orientação sexual”, conclui.
Matheus Gomes, integrante do DCE da UFRGS e estudante do curso de História, assegura que a entidade irá pressionar a Reitoria para que encaminhe sanções administrativas contra o agressor. “Outras pessoas já foram ameaçadas por esse aluno. Infelizmente (essas condutas) são fruto de um sentimento de impunidade por parte de homofóbicos e racistas. O regulamento da UFRGS inibe esse tipo de ação de disseminação do ódio. Podemos ingressar com ações pautadas no regimento, fazendo pressão para que a Reitoria vá até o final na punição a este estudante”, projeta.
Samir Oliveira, Sul21