Rapper conhecido pelos seus versos anti-racismo foi morto por um ativista de extrema direita. O caso chocou a Grécia, tendo já motivado manifestações populares em várias cidades, com episódios de violência
A ação continuada do partido Aurora Dourada contra imigrantes e anarquistas gregos ganhou mais um capítulo na madrugada desta terça-feira (17/09). O rapper Pavlos Fyssas, de 34 anos, ligado ao movimento antifascista de Atenas, foi esfaqueado e morto em um café no distrito de Keratsini, oeste de Atenas.
O assassinato gerou bastante repercussão nesta quarta (18), marcada por protestos nas ruas da capital grega contra a série de demissões no setor público e privado. O Aurora Dourada, partido neonazista com 18 cadeiras no Parlamento da Grécia, nega participação no crime. A polícia, no entanto, deteve um suspeito que é membro da agremiação. Leia também
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De acordo com o blog de jornalismo cidadão Keep Talking Greece, Pavlos Fyssas fazia parte da cena do hip-hop grega desde 1997 e era membro do sindicato dos metalúrgicos e do partido anticapitalista Antarsya. Ele se apresentava sob o nome Killah P e seu trabalho está disponível online.
Segundo a rede estatal britânica BBC, o ministro da Ordem Pública, Nikos Dendias, cancelou uma viagem que faria a Roma por considerar a situação “crítica” e lamentou o caso. Ele disse, ainda, que o governo pretende elaborar uma nova lei para reprimir grupos armados.
O Antarsya e o Partido Comunista Grego (KKE) afirmaram, em nota, que o rapper foi morto por trabalhar com grupos antifascistas em Atenas e sustentam que o crime foi político. O porta-voz do Antarsya, Petros Constantinou, que teria testemunhado o crime, afirmou que cerca de 40 membros do Aurora Dourada cercaram o café e atacaram Fyssas.
Ainda segundo Constantinou, a polícia acompanhou toda a ação do grupo neonazista, mas não interveio.
Amplas reportagens do jornal britânico The Guardian já demonstraram como a corporação e o partido Aurora Dourada caminham juntos na Grécia. O suspeito, de 45 anos, teria sido preso somente mais tarde por uma policial.
A Grécia entrou em seu sexto ano de recessão e mantém um estratosférico índice de desemprego, na casa dos 27%. O primeiro-ministro, Antonis Samaras, do partido de centro-direita Nova Democracia, governa com tênue maioria no Parlamento e se mostrou sempre obediente à cartilha imposta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que admitiu ter falhado na condução da crise grega.