Diretor de Veja diz que a revista "nunca parou de buscar a verdade" e de "pôr a mão onde muitos tiveram medo de fazê-lo". Para ele, "Veja descobre os escândalos de corrupção e cobra consequências". Nenhuma linha, no entanto, sobre o propinoduto tucano, grampos de Carlinhos Cachoeira, etc.
Num texto que mais parece uma piada, o diretor da Veja, Eurípides Alcântara, escreve que a revista “nunca parou de buscar a verdade”, desde o seu primeiro número. O editorial é uma celebração aos 45 anos da revista, que terá uma edição especial com 45 reportagens que “fizeram – e fazem – história”, além de “investigações de fôlego e uma coletânea de artigos”.
A melhor palavra que descreve a Carta ao Leitor deste número seria cinismo. Além da tal “busca a verdade” durante mais de quatro décadas, Alcântara diz que a publicação também nunca deixou de “pôr a mão onde muitos tiveram medo de fazê-lo, de denunciar o que deveria ser denunciado, mas também de elogiar o que merece ser elogiado”.
Ele continua: “Veja descobre os escândalos de corrupção, cobra consequências e continua correndo atrás de outras revelações”. Como exemplos, cita o chamado ‘mensalão’ e a suposta compra de votos que garantiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo Congresso. Acontece que a própria Veja já rebateu essa tese, comprovada no mais novo livro do jornalista Palmério Dória, O Príncipe da Privataria.
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Tudo isso está no editorial de Veja que foi às bancas neste fim de semana. Menos, é claro, uma citação à cínica cobertura do chamado propinoduto tucano, que envolveu ao menos três governos do PSDB em São Paulo, mas que a revista não citou o nome de nenhum, apenas disse que “há indícios” do esquema de cartel e ainda conseguiu incluir um petista na história.
Também não há nada a respeito dos grampos clandestinos que o diretor da sucursal de Brasília, Policarpo Júnior, conseguia com o contraventor Carlos Cachoeira. Outro caso que causou repercussão – mas que também não é citado pela revista – foi a invasão do repórter Gustavo Ribeiro na suíte do ex-ministro José Dirceu, no Hotel Naoum, em Brasília, em 2011.
Agora é aguardar a “edição histórica” dos 45 anos de Veja para saber o que mais virá.