Brasileira do Greenpeace completa 1 mês em prisão na Rússia
Bióloga brasileira completa 31 dias presa, sem ter data para poder defender seu direito à fiança e a aguardar o processo em liberdade
A ativista brasileira do Greenpeace detida e acusada de pirataria na Rússia, Ana Paula Maciel, completou no último sábado um mês na prisão, onde pediu o direito de fiança, que continua em suspenso após o adiamento da audiência de quinta-feira.
A bióloga do Rio Grande do Sul foi detida em 19 de setembro com outros 27 ativistas e dois jornalistas na embarcação do Greenpeace, Arctic Sunrise, após um protesto contra uma plataforma da empresa russa Gazprom no Ártico, onde a estatal prospecta petróleo.
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No dia anterior, quando começou o protesto, houve as primeiras detenções, a de dois “escaladores” que estavam já acorrentados à estrutura da plataforma. No dia 19, o protesto continuou e as forças armadas russas capturaram os outros ativistas.
“Ela sabe que o que a Rússia tenta é pressionar os ativistas para que deixem de protestar no país”, disse Telma Maciel, irmã de Ana Paula, em entrevista à Agência Efe, afirmando que a gaúcha “não deixará de ser ativista” porque é de “sua natureza”.
Telma deu essas declarações antes da audiência programada para quinta-feira passada, suspensa por falta de tradutor – argumento que a família de Ana Paula não considerou suficiente.
“Desde o primeiro dia em que prenderam minha irmã sabem da necessidade de um tradutor de português. Sabiam antes e sabem agora”, acrescentou depois em entrevista.
Apesar do adiamento, Telma contou que tem esperanças de que a justiça russa reconheça o direito de fiança de Ana Paula e que a irmã consiga acompanhar o processo contra ela em liberdade.
Por sua vez, o Greenpeace Brasil recebeu a notícia do adiamento da audiência “com tristeza” já que esperavam que “a carta do governo brasileiro pedindo a liberdade mas assegurando que ela iria ao julgamento” na Rússia ajudasse.
“Tínhamos essa esperança na melhor e na pior da respostas mas os advogados da organização nos informaram que seria adiado”, lembrou Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas da ONG no Brasil.
Em entrevista à Efe, Leitão fez questão de lembrar que a relação com o governo brasileiro é “muito eficaz” e que além da carta de garantias, “a embaixada brasileira na Rússia segue em contato com Ana Paula e a ajuda para que possa falar com sua família”.
Se as acusações de pirataria se confirmarem, os ativistas poderiam passar até 15 anos na prisão, uma acusação que para a ONG “não faz sentido” já que, na sua opinião, “a diferença entre ativismo político e pirataria é clara”.
Na sexta-feira passada, quando se completavam 30 dias do protesto em frente à plataforma da Gazprom, o escritório do Greenpeace em Murmansk (onde a ativista permanece em prisão) foi assaltada por seis mascarados e uma jaula que ia a ser utilizada no protesto desapareceu.
Para a ONG, a “principal questão” do processo é poder demonstrar “que pirataria implica cometer um crime” e que o “protesto pacífico é um direito de qualquer cidadão”.
“Não estamos preocupados com Greenpeace, mas pelo direito à livre manifestação e a livre expressão de qualquer pessoa em qualquer cantinho do planeta”, continuou Sérgio Leitão.
Segundo Telma Maciel relatou à Efe, a irmã “está bem” e “resistirá” caso a justiça russa lhe negue o direito de fiança. No Greenpeace Brasil, seus colegas a descreveram como “uma menina loira de olhos azuis cuja aparência pode enganar, mas é uma brasileira típica: comunicativa, simpática e sem medo do trabalho duro”.
“A cada três meses (ela) embarca em um navio, atua como ativista e marinheira e volta para casa para descansar durante outros três meses”, contam na ONG, acrescentando que na embarcação “é centrada e está sempre de bom humor”.
Em alto-mar, Ana Paula “aprendeu inglês, com os membros da tripulação, e ainda arrisca italiano e espanhol; e como boa marinheira faz de tudo nos navios e também fora deles”, continua a descrição que da ativista no site da organização.
“É uma pessoa que faz a diferença no mundo”, definiu Rosângela Maciel, orgulhosa mãe da bióloga de 31 anos, que hoje completa 31 dias presa, sem ter data para poder defender seu direito à fiança e a aguardar o processo em liberdade e cercada por amigos.
EFE