Autor de Breaking Bad explica o fim da série que foi um marco na teledramaturgia. Último episódio quebrou recordes de audiência na TV e tornou-se o capítulo mais pirateado do ano
Breaking Bad é um marco na teledramaturgia. O seriado, que começou com audiência mirrada na televisão, ganhou fãs com o Netflix, que criou um ciclo virtuoso: quanto mais gente se interessava pelo que via na net, mais gás dava à produção de novos episódios na TV. O último episódio, chamado “Felina” (um acrônimo de “finale” e o nome de uma música) quebrou recordes de audiência na TV (10,3 milhões de pessoas) e tornou-se o capítulo mais pirateado do ano.
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Vince Gilligan, o criador de “Breaking Bad”, deu uma entrevista ao site da revista Entertainment Weekly em que explicou por que fez o que fez com o anti-herói mais carismático da história. Gilligan contou quais foram suas influências no cinema e na literatura que determinaram o destino de Walter White, Jesse Pinkman, Saul Goodman e toda a turma.
Por que Walt tinha de morrer
“Nós não sentimos uma necessidade absoluta de Walt morrer no final. Havia uma versão em que Walt era o único que sobrevivia, ele está em pé entre os destroços e toda a sua família está destruída. Nós conversamos sobre uma versão em que Jesse mata Walt. Mas Walt nunca poderia se redimir. Ele foi longe demais em seu caminho para a condenação.”
Por que Jesse tinha de viver
“Ele não merecia uma chance nos primeiros dias. Com base em algumas decisões muito ruins que fez no início, foi pagando espiritual, física, mental e emocionalmente. Mas, em todos os sentidos, ele só está pagando o pato, e achei que era certo ele fugir. Jesse foi mantido prisioneiro em um calabouço nos últimos seis meses, foi espancado e viu Andrea ser assassinada. Todas essas coisas horríveis que ele testemunhou deixarão cicatrizes, mas o romântico em mim quer acreditar que ele se muda para o Alasca e tem uma vida tranquila em comunhão com a natureza.”
Os escritores emprestaram de “Rastros de Ódio”, com John Wayne, a cena em que Walt salva Jesse
“Um monte de espectadores espertos que conhecem a história do cinema vão dizer: “É o fim de ‘Rastros de Ódio”. E de fato é. O maravilhoso western tem John Wayne procurando Natalie Wood durante as três horas do filme. Ela foi raptada pelos índios e criada como um deles, e ao longo de todo o filme, John Wayne diz: ‘Eu preciso tirá-la de sua miséria. Assim que encontrá-la, vou matá-la’. E você pensa: ‘Oh, meu Deus, John Wayne é um monstro e vai matá-la’. Você sabe que no filme inteiro este é o grande drama entre esses dois personagens à procura de Natalie Wood. E então, no final do filme, por impulso, você acha que ele está chegando para matá-la e ao invés disso ele diz: ‘Vamos para casa’. Na sala dos roteiristas, alguém disse: ‘Ei, é o final de ‘Rastros de Ódio’? Então, é sempre uma questão de roubar o melhor.”
Kiko Nogueira, diário do centro do mundo