O nada discreto charme da "burguesia brasileira". Reportagem do The New York Times revela espanto com uma nova mania entre brasileiros de elevado poder econômico: celebrar aniversários e casamentos em terras norte-americanas
Em 2012, os turistas brasileiros gastaram US$ 2,4 bilhões com compras e entretenimento em Nova Iorque. Embora o significativo montante possa dizer respeito à ascensão de parte de uma classe média que passou a poder viajar ao exterior, o que impressiona é o recrudescimento de um mercado de luxo com serviços extravagantes, no qual membros da elite econômica brasileira têm se destacado.
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É o que conta uma reportagem do jornal The New York Times, intitulada São Paulo Parties on the Hudson (Festas de São Paulo no Hudson). A matéria é aberta com a história do aniversário de uma criança de três anos, um brunch para uma dúzia de convidados na sala de jantar privada do Hotel Plaza Athénée, na “cidade que nunca dorme”. “O espaço foi sabiamente decorado para parecer uma cena do filme O Rei Leão, repleto de pequenas miniaturas da selva. Outra festa no Dylan’s Candy Bar deu continuidade à comemoração, e então o clímax: uma viagem para assistir O Rei Leão na Broadway”, descreve o periódico contando que, para planejar o aniversário, o custo total teria chegado a US$ 30 mil.
“De acordo com quem organiza os eventos, festas extravagantes como essa são o último exemplo de uma onda de brasileiros que gastam dinheiro em Nova Iorque, com orgias de compras no varejo e de imóveis”, diz o NYT. “O que está acontecendo no mercado de luxo do Brasil é que eles querem se exibir e comprar mais do que compraram antes”, explica na reportagem Clarissa Rezende, que organizou sete festas durante o ano passado para clientes brasileiros na cidade. “Em torno de metade dos nossos clientes querem ir para Nova Iorque fazer seu evento. É um mercado que cresce muito rápido, e nós nem sabíamos que ele existia”, disse a empresária pelo telefone direto de Orlando, na Flórida, onde planejava outro aniversário.
A matéria do jornal conta que “até mesmo em uma cidade como Nova Iorque, conhecida por seus excessos, alguns desses eventos podem parecer um exagero”. Para justificar o espanto, cita um casamento ocorrido em setembro de 2012, estimado em US$ 2 milhões e feito para mais de 400 convidados no Oheka Castle. O evento contou com uma parede de orquídeas, um bar completamente feito de gelo e um DJ vindo de Ibiza, na Espanha.
O NYT cita ainda a segurança como um dos motivos que levariam brasileiros a promover eventos em Nova Iorque. De acordo com a empresária Clarissa Rezende, que se casou em Las Vegas no Graceland Wedding Chapel em abril do ano passado, esse fator faz com que as cidades norte-americanas pareçam mais atraentes. “Crime no Brasil está ficando cada vez pior,” explicou na matéria. “As pessoas gostam de ter festas em Nova Iorque porque elas podem por suas joias e vestir suas melhores bolsas sem se preocuparem.”