Governo do Azerbaijão divulga resultado de eleição presidencial antes do início da votação. "A magnitude da fraude é tanta que é impossível estabelecer a vontade popular expressada nas urnas", disse opositor
O governo do Azerbaijão anunciou na manhã da última quarta-feira (09/10) o resultado da eleição presidencial do país. No entanto, para o espanto da população, as votações nem sequer haviam começado. Em outras palavras, a vitória de reeleição do atual presidente, Ilham Aliyev, foi divulgada na internet sem nenhum cidadão ter votado.
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O episódio causou constrangimento generalizado no governo azerbaijano. A justificativa oficial é que o desenvolvedor do aplicativo responsável pelas eleições fazia testes usando informações das eleições de 2008 e teria “divulgado por engano os resultados”. No entanto, a lista de candidatos apresentados era deste ano, e não de 2008, como alegaram as autoridades locais.
Após a gafe do governo, os cidadãos votaram normalmente ontem (09) sem nenhuma ocorrência. Informações preliminares apontam que Ilham Aliyev será reeleito com 84,59% dos votos nas eleições, segundo dados oficiais preliminares oferecidos quinta-feira (10) pela CEC (Comissão Eleitoral Central) da ex-república soviética.
Segundo pesquisa de boca de urna, o líder da coalizão de oposição, Jamil Hasanli, obteve 5,54% dos votos, enquanto os outros oito candidatos conseguiram entre 2,38 e 0,61%. Hasanli exigiu hoje a anulação dos resultados eleitorais e a repetição das eleições presidenciais, pois as classificou como uma “fraude total”.
“A magnitude da fraude é tanta que é impossível estabelecer a vontade popular expressada nas urnas”, disse em entrevista coletiva o candidato opositor, que acusou Aliyev de “usurpação do poder”. Hasanli anunciou que “a luta não termina com as eleições” e que buscará a impugnação do resultado nos tribunais.
O atual presidente, acusado de calar a imprensa independente e proibir as manifestações políticas de oposição, foi reeleito em 2008 com 89% dos votos. Hasanli argumenta que Aliyev não poderia concorrer a um terceiro mandato, já que a reforma constitucional entrou em vigor quando o líder havia sido reeleito uma vez.