Principal testemunha do acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek explica que foi subornado e ameaçado para assumir morte do político
Uma das principais testemunhas do acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, o ex-motorista Josias Nunes de Oliveira disse, na terça-feira (1º), ter sido ameaçado e subornado para assumir a morte do político, ocorrida em 1976.
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A declaração foi dada durante audiência pública da Comissão Municipal da Verdade, na Câmara dos Vereadores. “Alguns dias depois do acidente, dois caras cabeludos que se disseram repórteres foram até a minha casa e ofereceram uma grande quantia de dinheiro para que eu assumisse a culpa pela morte do Juscelino. Se eu não aceitasse, eles disseram que iriam bater em mim. Eu não aceitei o dinheiro e eles nunca mais me procuraram. Não lembro o nome deles e nem de qual veículo eram” afirmou Oliveira.
De acordo com a assessoria da Câmara Municipal, Oliveira dirigia um ônibus da Viação Cometa pela rodovia Presidente Dutra, sentido Rio de Janeiro, quando, na altura do município de Resende, o Opala em que JK estava atravessou na frente do ônibus e foi parar na pista contrária, se chocando com um caminhão. O acidente ocorreu no dia 22 de agosto de 1976. “Eu estava na faixa da esquerda e o carro de JK estava na da direita, em uma velocidade um pouco maior que a minha. De repente, tinha uma curva leve para a direita e o motorista do Juscelino continuou em linha reta. Como naquela época a Dutra não tinha guard rail, o carro atravessou sem o menor problema”, afirmou.
Durante seu depoimento, Oliveira disse que prestou socorro a JK logo após ter parado seu ônibus no acostamento. “JK não morreu logo depois da batida, ele chegou a mexer os olhos. Eu não o reconheci logo de primeira. Ele estava no banco de trás com o livro “As Mudas se Levantam” e eu só descobri que era o ex-presidente quando vi uns documentos que caíram de uma pasta”.
O ex-motorista foi processado como responsável pelo acidente, mas o julgamento o inocentou. Atualmente, Oliveira mora em um asilo de Indaiatuba, interior de São Paulo, e ainda é visto como culpado pela morte de JK. “Minha vida piorou bastante. O mundo inteiro me acusou de criminoso!”.
A sessão teve a participação do vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão da Verdade Municipal, o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão da Verdade do Estado, e o vereador Calvo (PMDB), integrante da Comissão na Câmara.