Gleise havia denunciado sargento da PM após ser chamada de "maconheira, vagabunda de merda e responsável pela desordem no RJ". A filha de 9 anos da ativista estava no apartamento no momento do incêndio
A ativista Gleise Nana, 33 anos, que havia denunciado o sargento Emerson Veiga, do 15 BPM de Duque de Caxias, faleceu na madrugada de segunda-feira, 20 de novembro, após um incêndio suspeito em seu apartamento.
Gleise, que era atriz, poetisa e diretora teatral, havia denunciado o sargento após ele ter postado insultos na caixa de mensagens privada da ativista. Em um deles o PM a chamava de “maconheira, vagabunda e anarquista de merda, responsável pela desordem no Rio de Janeiro.” Com medo, Nana repassou as mensagens para os amigos. Passou, desde então, a receber telefonemas estranhos.
Leia aqui matéria do jornal O Dia (10 de outubro) sobre as ameaças do PM à ativista
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Com a ativista também havia muitas filmagens dos conflitos de junho. Nana tinha um vasto material com denúncia sobre abusos de PMs. Em um deles, o tenente-coronel Mauro Andrade admite que a PMERJ se excedeu.
Em um incêndio suspeito, no dia 18 de outubro, a ativista teve 35% do seu corpo queimado. Sua filha de 9 anos estava no apartamento no momento do incêndio. A menina sofreu queimaduras no rosto e nas mãos, mas teve alta poucos dias depois. Nana não teve a mesma sorte. Suas queimaduras foram de terceiro grau.
O misterioso incêndio em seu apartamento afetou os órgãos internos de Nana. Após quase 40 dias de coma, a ativista não resistiu e faleceu. Cabe frisar que, num primeiro instante, a Polícia Civil trabalhou apenas com a hipótese de incêndio acidental. Mas após insistência de amigos e o trabalho dos advogados da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, a própria Polícia Civil admitiu que o incêndio pode ter sido criminoso.
Israel Montezano. Edição: Pragmatismo Politico