Racionais Mc's, MST, músicos da MPB e a blogueira Cynara Menezes foram os principais alvos do cantor Lobão em sua estreia como colunista da revista Veja
“A era do rebelde chapa-branca”. Foi com esse título estampado na página 48 da edição desta semana da Veja que o cantor e compositor Lobão estreou como colunista da revista. No texto inaugural do espaço que passa a comandar na publicação da Editora Abril, o artista falou da presença de pessoas e grupos que se revoltam com sistema, ao mesmo tempo em que recebem o apoio dele.
Para exemplificar o que avalia como “rebelde chapa-branca”, o novo colunista da imprensa brasileira citou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. “O MST é subvencionado pelo governo, tem o respaldo do governo e, no entanto, não para de reclamar, invadir e destruir terras produtivas”, criticou. Lobão também comentou a postura do grupo de rap Racionais MC’s. “Sobem nos palanques, têm o beneplácito da mídia oficial bancada pelo governo e, mesmo assim, são revoltadíssimos com o sistema!”. Leia também
O movimento Procure Saber e seus integrantes – Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque – tiveram seus nomes publicados na coluna de Lobão. O motivo: o colaborador da Veja considera os membros da turma como “coronéis chapa-branca”. A presidente do grupo que conta com artistas da MPB, Paula Lavigne, foi chamada de “rottweiler de incontestável pedigree” – usando a raça com a qual a ombudsman da Folha de S. Paulo, Suzana Singer, se referiu a Reinaldo Azevedo.
As críticas de Lobão não pararam por aí. O músico afirmou que o coletivo Fora do Eixo, liderado por Pablo Capilé, ganhou força durante a gestão de Gilberto Gil à frente do Ministério da Cultura. Sem ter o nome publicado, a repórter e blogueira da Carta Capital, Cynara Menezes, teve sua postura avaliada pelo colunista. “Uma jornalista chapa-branca de uma revista bancada pelo governo declarou, num momento de búdica inspiração, que é a favor de fuzilamento para determinados casos (quais casos)?”, questionou o cantor.
Lobão, no caso de Cynara, se referia a um post publicado no perfil mantido pela jornalista no Twitter. “Não curto stalinismo, mas de vez em quando dá uma saudade dos fuzilamentos…”, foi a frase da jornalista publicada na última segunda-feira, 4. O conteúdo serviu para o colaborador da Veja citar a situação sem mencionar o nome da jornalista. A frase de Cynara, no entanto, chegou a ser reproduzida por Lobão no microblog , que, na rede, ironizou: “que comovente”.
No último parágrafo de sua coluna de estreia, Lobão comentou o que o leitor pode esperar do espaço. “Estou inaugurando com muito orgulho e entusiasmo minha coluna em Veja. Não é fortuito o nosso encontro, assim como não é por acaso que se percebe a sociedade civil começando a se organizar para repensar a nossa condição atual. Tentarei tratar dessa miséria que nos assola como se estivesse praticando um novo esporte: épater la gauche [do francês, ‘impressionar a esquerda’]”.