Emocionado, médico cubano falou sobre seu retorno: “Eu não esperava que fosse assim. Eu só quero trabalhar e ajudar a todas as pessoas. Agora sinto-me mais comprometido com eles, pela atitude que tiveram comigo. Quero dizer muito obrigado, por tudo o que fizeram”
O médico cubano Isoel Goméz Molina, que foi afastado por alguns dias das atividades em um posto de saúde em Feira de Santana, na Bahia, por suspeita de receitar uma dose excessiva de remédio a uma criança, retornou ao trabalho na manhã desta segunda-feira (25).
O médico foi recebido com alegria pelos moradores, que fizeram cartazes e desejaram boas-vindas no retorno dele ao trabalho. Antes da chegada do estrangeiro, os moradores fizeram uma oração. Eles se reuniram em frente ao posto de saúde do Conjunto Viveiros, onde organizaram recepção calorosa para o cubano.
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Isoel Goméz Molina havia receitado 40 gotas de dipirona a uma criança, o que gerou confusão porque poderia representar uma dos excessiva. No entanto, uma comissão avaliou que as 40 gotas indicadas na receita não eram para ser ministradas em dose única, mas divididas em quatro vezes, a cada seis horas, como constava na receita, e como foi explicado pelo médico à mãe da paciente.
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O especialista chegou a ser denunciado na Câmara de Vereadores de Feira de Santana, cidade localizada a 100 km de Salvador, mas a própria mãe da menina defendeu o médico, que foi avaliado por uma comissão formada por representantes do Ministério da Saúde, do Programa Mais Médicos e da Secretaria Municipal de Saúde. Os membros da comissão concluíram que não houve erro médico.
Mobilização
Na sexta-feira (22), houve comemoração no Posto de Saúde da Família da comunidade de Viveiros. Colegas do médico cubano comemoraram a decisão da Secretaria de Saúde do Município, que determinou a volta dele nesta segunda-feira.
“Ele é um médico que chegou e que nós adotamos pelo carisma que ele tem, pela bondade que ele apresentou com a gente e pela presteza em não atender de cara feia”, disse Marisa Alencar, enfermeira da unidade e colega de trabalho do médico.
Os moradores da comunidade entregaram um abaixo-assinado na Secretaria de Saúde com mais de 200 asinaturas em defesa do médico cubano.
“Eu quero o médico de volta porque ele atendeu a minha criança super bem, um médico ótimo, porém aqui no Viveiro nunca passou um médico como esse, mesmo não sendo brasileiro. Eu quero o médico de volta”, disse uma moradora da comunidade.
Investigação
De acordo com a nota divulgada pela Prefeitura de Feira de Santana, a comissão concluiu que não houve erro no procedimento adotado pelo médico cubano. Segundo a gestão municipal, o médico Washington Abreu, coordenador estadual do Programa Mais Médicos, afirmou que a dosagem indicada pelo médico cubano estava correta. Segundo a nota, o coordenador explicou que “as 40 gotas indicadas na receita não eram para ser ministradas em dose única, mas divididas em quatro vezes, a cada seis horas, como consta na receita, desde que a criança sentisse dor ou apresentasse um quadro febril”.
A Secom informou ainda que o médico explicou com detalhes à mãe da criança como administrar a medicação e que onde ele trabalhou anteriormente é comum receitar a medicação da maneira que fez, e não fracionada, como é no Brasil. Segundo Washington Abreu, os médicos do Programa Mais Médicos no estado passarão por reforço no treinamento da prescrição dos medicamentos da atenção básica. Em nota, a Secom informou que as declarações da mãe da criança dadas à imprensa pesaram na decisão de reintegrar o médico à equipe do programa.
Mãe defende médico
A diarista Gilmara Santos, que levou o filho até um posto de saúde da cidade de Feira de Santana, distante cerca de 100 km de Salvador, afirmou que o atendimento foi perfeito.
“Ele me atendeu muito bem. Ele tratou meu filho super bem, porque tem médico que nem olha na cara da mãe e nem da criança. Ele me explicou direitinho como dar o remédio, disse ainda que a quantidade de gotas é definida a partir do peso da criança. Ele prescreveu 40 gotas, mas foi apenas um erro. Ele me disse exatamente o que eu deveria fazer, que era para dar apenas 10 gotas”, disse.
Ela contou que toda essa história veio à tona quando ela voltou ao Posto de Saúde para que o filho fosse atendido pelo médico. “Quando eu voltei, uma outra médica me atendeu. Como eu ando em mãos com todas as receitas que passam para meu filho, eu cheguei a mostrar para essa médica, que chamou outra colega. Aí elas tiraram uma foto e postaram na internet. Foi aí que o vereador ficou sabendo e tudo isso começou”, explicou a diarista. “Acho que isso é uma postura antiética da médica”, disse a diarista.
O médico cubano atendia no município baiano há uma semana. Ele integra a lista de profissionais do Mais Médicos, do governo federal. Gilmara Santos disse que a denúncia foi feita pelo próprio vereador. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o afastamento do profissional foi uma medida provisória, para a denúncia ser apurada.
Jornal A Cidade e G1