Cresce número de mutilação genital de mulheres no Reino Unido. Prática é proibida no país desde 1985, mas já afetou 66 mil mulheres
Profissionais de saúde e de serviços sociais alertam as autoridades do Reino Unido sobre a necessidade de intensificar as políticas de prevenção e erradicação da ablação, a mutilação genital feminina, em um relatório apresentado no início de novembro na Câmara dos Comuns do Parlamento.
O documento, elaborado por especialistas das faculdades de enfermagem, obstetrícia e ginecologia, pelo sindicato Unite e pela ONG de direitos humanos Equality Now, faz uma série de recomendações sobre a ablação, uma prática que classificou como “crescente” no país.
De acordo com o relatório, a mutilação afetou 66 mil mulheres na Grã-Bretanha e Irlanda e, aproximadamente, 23 mil jovens de 15 anos estariam em risco. A ablação feminina foi proibida no Reino Unido em 1985, mas, imigrantes de países de países como Somália, Egito, Mali e Sudão, em que ela é permitida, continuam a fazê-la de forma ilegal.
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Intitulado “A luta contra a Mutilação Genital Feminina no Reino Unido”, o texto destaca que os sistemas de saúde e serviços sociais falham na proteção das meninas e mulheres frente a esta prática, considerada um “abuso infantil” e qualificada como “tortura” pelas Nações Unidas.
Os profissionais afirmam que há falta de responsabilidade pública, e que o sistema de saúde não tem capacidade de resposta diante deste problema.
A ministra da Saúde Pública do Reino Unido, Jane Ellison, explicou que “uma de suas prioridades é erradicar a ablação feminina” e que está sendo estudada uma forma de facilitar e compartilhar dados no Sistema Nacional de Saúde para proteger as meninas desta prática “brutal”.
Nenhum processo em 25 anos
Em 25 anos de proibição, nunca foi aberto qualquer processo judicial contra a prática, embora o diretor da Procuradoria, Keir Starmer, tenha dito no relatório que “é só uma questão de tempo”, já que se trata de “um crime que não será tolerado em uma sociedade moderna multicultural”.
O documento pede que médicos acionem a polícia ou os serviços sociais ao notarem que alguma paciente possa fazer a ablação e que questionem se seus filhos ou algum membro de sua família já sofreu ou poderia estar em risco.
O texto recomenda ainda que se inicie uma campanha nacional de conscientização sobre este tema, assim como as promovidas sobre o HIV e a violência doméstica.
Agência EFE