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O primeiro encontro de Paulinho e Aécio para 2014

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Deputado e fundador da sigla criada para se afastar de Dilma apresenta a Aécio Neves condições para fechar parceria pela disputa do Planalto em 2014 e admite tendência de ser aliado de tucano

Paulinho leva Solidariedade a ‘primeiro encontro’ com Aécio Neves (Sérgio Lima / Folhapress)

Integrantes do Solidariedade entregaram, no começo da tarde de hoje (26), uma espécie de carta de intenções ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) na qual simbolizam propostas para uma possível parceria com o candidato tucano à Presidência em 2014 e expõem pontos que desejam ver incorporados ao programa de governo que vierem a apoiar. O almoço representou um avanço nas relações entre Solidariedade e PSDB, mas todos fizeram questão de frisar que, embora haja um movimento no sentido de uma aliança, ainda não existe qualquer tipo de formalização.

“São todas bandeiras antigas do movimento sindical. Queremos consolidar a parceria a ser firmada e, ao mesmo tempo, realizar vários encontros como este daqui por diante, para discutir em conjunto as propostas. Estamos caminhando para isso (um apoio à candidatura de Neves), mas tudo ainda está sendo discutido. Não é oficial”, afirmou o presidente e criador da nova legenda, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que deixou o PDT por querer se afastar de Dilma Rousseff e do PT. Paulinho ressaltou aos jornalistas que o almoço foi organizado não apenas pelo Solidariedade, mas também por sindicalistas – incluindo a Força Sindical, presidida por ele – como forma de reiterar tais pleitos há anos reivindicados por estas entidades.

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Dentre os principais itens, o documento destaca a criação do que foi chamado de “diálogo social” como política de Estado – que corresponde, na prática, a uma maior articulação entre Executivo e sindicatos –, criação de um imposto sobre grandes fortunas, maior atuação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego nas políticas públicas, definição de metas de crescimento e emprego, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e reforma agrária.

De forma polida, Aécio Neves recebeu a carta e disse que pretende discutir os itens em futuras reuniões. Enfatizou que possui, inclusive, algumas propostas relacionadas a temas apresentados que podem ser reagrupadas, caso de um projeto de sua autoria voltado para aposentados. Neves, que também é presidente nacional do PSDB, contou que o partido lançará em dezembro um plano de ações com ingredientes para vir a ser “uma nova agenda para o Brasil”.

Na linha de tentar se firmar como oposição a Dilma em 2014, o senador voltou a dizer que há conquistas obtidas desde o governo Fernando Henrique Cardoso que estão “em risco” – recentemente ele apresentou projeto de lei para transformar o Bolsa Família em política de Estado.

Paulinho aproveitou a oportunidade para fazer duas críticas ao governo. Primeiro, colocou que esse mesmo tipo de discussão dos representantes de entidades sindicais com um candidato à Presidência, como ocorreu hoje com Aécio Neves, foi feito quatro anos atrás com a presidenta Dilma Rousseff. Na visão dele, este diálogo não fluiu.

A segunda crítica foi referente à atuação do Ministério do Trabalho e Emprego, comandado pelo PDT e que, de acordo com o deputado e dirigente da legenda, “está cada dia mais engessado”. “Há uma falta de protagonismo naquela pasta que não pode mais ser observada”, enfatizou Paulinho, que rompeu com o presidente do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi.

Mulheres e aposentados

A entrega do documento, realizada num restaurante localizado no Lago Norte, contou com deputados do Solidariedade e representantes de outros estados que estão em Brasília desde o início da manhã para a participação no primeiro encontro nacional do partido, que só termina amanhã (27), num hotel localizado no centro da capital. Ao longo de hoje, em duas plenárias, foram discutidas questões referentes aos direitos das mulheres e dos aposentados filiados à legenda, bem como as principais propostas a serem tiradas ao final para que constem num plano de ação e de trabalho.

Amanhã, será a vez da reunião com os representantes do movimento sindical vinculados ao Solidariedade. Conforme informações do partido, o ponto final do encontro será a criação de comissões para escolha dos representantes que vão compor a Secretaria Nacional da legenda em cada segmento – mulheres, aposentados e representantes sindicais. Estão participando desde deputados federais, como o líder do Solidariedade na Câmara, Fernando Francischini (PR), a representantes de estados e municípios, caso da vereadora Cristiana Bacelar, de São Luís.

“Esse tipo de discussão é importante para fortalecer a presença das mulheres na vida política do país, e como mulheres é isso que queremos, com a eleição das representantes estaduais da legenda”, enfatizou uma das coordenadoras, Eunice Cabral.

Já o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical (Sindnapi) e coordenador do evento em Brasília, Carlos Andreu Ortiz, disse que a plenária servirá para a apresentação de temas importantes para o setor junto aos integrantes do partido, de forma que se trabalhe, daqui por diante, para o cumprimento de diversos compromissos assumidos anteriormente pelos governos. “Os aposentados estão abandonados à própria sorte. Temos de nos aliar a pessoas e instituições comprometidas com a nossa luta e dispostas a caminhar ao nosso lado”, ressaltou.

Hylda Cavalcanti, RBA