Uma 'noite histórica' por mudanças no futebol brasileiro
Protestos de jogadores fazem 'noite histórica' por mudanças no futebol brasileiro. Organizados pelo grupo chamado Bom Senso FC, atos simbólicos pretendem pressionar a CBF a debater as reivindicações da categoria
Jogadores que atuaram em todas as sete partidas da noite de ontem (13) pelo Campeonato Brasileiro da série A fizeram protestos simbólicos bastante semelhantes entre si, num sinal claro de organização e disposição para debater melhores condições gerais para o esporte mais popular do país. Integrantes do grupo de jogadores chamado Bom Senso F.C. classificaram a data como “histórica”.
Os atletas entraram em campo carregando faixas e, após o apito inicial dos árbitros, rolaram a bola para, em seguida, cruzar os braços e ficar por alguns segundos parados. O ato pretendeu pressionar a CBF a convocar uma ampla negociação com os jogadores sobre as reivindicações da categoria – que inclui mudanças no calendário de todas as divisões do futebol profissional.
Em Itu, no interior paulista, onde jogaram São Paulo e Flamengo, o árbitro Alício Pena Júnior alertou que puniria todos os atletas que cruzassem os braços – a orientação ao árbitro foi dada pelo representante da CBF no local. A alternativa encontrada pelos jogadores foi fazer a bola rolar trocando passes longos de um lado a outro do campo por quase um minuto.
Um dos integrantes do Bom Senso, o zagueiro do Corinthians Paulo André disse que a noite de ontem marcou as primeiras de uma série de manifestações até que a CBF decida abrir as negociações com os jogadores, incluindo as emissoras de TV nas discussões. O atleta também disse que novos protestos devem ocorrer nos três jogos de hoje à noite que completam a rodada da Série A e nas partidas que abrem mais uma rodada da Série B, nesta sexta-feira (15).
“É um dia histórico para o futebol brasileiro. A Série B também vai ter protestos na sexta-feira. Agora a gente aguarda uma resposta da CBF”, afirmou Paulo André. O zagueiro continuou: “Fomos claros no nosso comunicado e proposta. Sabemos que ano que vem é de sacrifícios, porque tem a Copa do Mundo. Mas se a CBF não assinalar mudanças para 2015, dificilmente a gente inicia o ano. É o que a gente disse em nota oficial. Vamos aumentar as manifestações à medida que não tivermos respostas”, continuou.
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O meia Elias, do Flamengo, criticou a tentativa da CBF de punir os que cruzassem os braços e deixou clara a intenção de ampliar o movimento. “Absurdo querer punir os 22 jogadores. Estamos dizendo claramente ‘a ditadura acabou’.” Outro líder do Bom Senso, o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, reforçou a necessidade de o futebol nacional mudar e disse esperar que o movimento não chegue ao ponto de uma greve .
“Nós queremos ser atendidos. O Brasil, como um todo, para sem o futebol. Para que vamos deixar chegar ao ponto de termos de fazer uma greve. Todos queremos o melhor para nós, para a imprensa, para as emissoras e, principalmente para o torcedor.”, afirmou o camisa 1 são paulino.
Na base
Paulo André ressaltou que o Bom Senso não busca apenas ampliar o período de pré-temporada e reduzir o número de competições envolvendo os grandes times, mas principalmente criar melhores condições para os clubes menores, que jogam de três a quatro meses por ano.
“A gente exige um campeonato melhor, com menor número de jogos dos grandes, mas é fundamental aumentar do número de jogos dos times pequenos. Os atletas destas equipes ganham muito mal, passam aperto para receber seus salários, vivem quase como boias frias. As mudanças que queremos não é só férias e pré-temporada. Para existir uma boa Série A, tem de criar condições para os clubes pequenos também.”
Rogério Ceni reforçou: “Não estamos reivindicando salários. É para melhorar o futebol como um todo. A gente quer ser compreensivo com o ano de 2014, por causa da Copa. O que a gente não quer é um ano de 2015 só de palavras. Há a necessidade de fazer um calendário muito melhor. Com mais atletas empregados durante o ano todo, já que as equipes pequenas jogam poucos meses por ano”.