Corpo de Arafat tinha nível de polônio 18 vezes maior que o normal. Relatório divulgado por especialistas suíços indica que ex-líder palestino deve ter sido envenenado
Os resultados dos primeiros testes forenses realizados no corpo exumado de Yasser Arafat, divulgados nesta quarta-feira (06/11), mostraram que o ex-líder palestino pode ter sido envenenado com polônio. De acordo com os especialistas suíços que analisaram seus restos mortais, o nível da substância rara e letal em seus ossos e pélvis era ao menos 18 vezes maior que o normal.
O relatório suíço foi entregue a representantes da viúva de Arafat, Suha Arafat, assim como à Autoridade Palestina. Uma cópia do documento foi cedida à Al Jazeera, que o compartilhou com o jornal The Guardian.
Segundo os especialistas, mesmo levando em conta os oito anos da morte de Arafat e a qualidade das amostras obtidas através de fragmentos de seus ossos, tecidos do corpo e mortalha, os resultados “confirmam moderadamente a suposição de que a morte foi decorrente de envenenamento por polônio-210”.
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Suha Arafat afirmou à Al Jazeera que as evidências sugerem que seu marido, que morreu em 2004, depois de quatro semanas de uma doença que se iniciou após um jantar, foi quase com certeza assassinado por envenenamento. “É o crime do século”, afirmou.
O laboratório suíço que publicou os resultados já havia anunciado em outubro a possibilidade da morte de Arafat por envenenamento com polônio-210, a mesma substância que matou o dissidente russo Alexander Litvinenko.
Quando levantaram essa hipótese, os suíços haviam analisado pertences de Arafat, como roupa íntima, escova de dentes e roupa esportiva, mas ainda não haviam inspecionado o corpo. Especialistas russos, entretanto, excluíram a tese à época, afirmando que não foram encontrados traços de polônio no organismo do palestino.
A hipótese do envenenamento por polônio também foi assumida como possível pelo cientista forense britânico David Barclay, que leu o relatório e disse à Al Jazeera que “o documento contém evidência forte, no meu ponto de vista conclusiva, de que o nível de polônio no corpo de Arafat era 18 vezes maior que o normal, pelo menos”.
Segundo Barclay, as conclusões são uma “arma fumegante”. “Foi isso que o matou. Agora só precisamos descobrir quem segurava a arma no momento”, afirmou o cientista. “Eu apontaria que ele recebeu uma dose fatal. Acho que não há dúvida nenhuma”.
Opera Mundi