Passados quase 40 anos da Lei de Gerson, a elite brasileira deixou claro em 2013 que continua valendo o ditado de que para os amigos tudo, para os outros, a lei
Fernando Lara, blog Urbanidades
Se o ano de 1976 nos deu a Lei de Gerson na famosa propaganda dos cigarros Vila Rica, o ano de 2013 nos deu a Lei do Fluminense. Agremiação favorita da elite carioca, o Fluminense que tem no pó-de-arroz um terrível passado racista mal resolvido tem também no seu longo currículo de viradas de mesa a mais perfeita tradução da justiça brasileira: a capacidade de encontrar um formalismo qualquer para atrasar, prescrever, cancelar ou mesmo virar julgamentos a seu favor. Leia também
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Pois se o brasileiro cansar de ser preto e pobre basta estar carregando um frasco de desinfetante e outro de água sanitária para ser condenado a 5 anos de prisão. Nem falo aqui dos outros “pês” como prostitutas e petistas ou, no caso, torcedores da Portuguesa. Para estes, como sabemos, vale o peso da lei.
Mas para aqueles com lugar assegurado hereditária e eternamente na elite brasileira haverá sempre um jogador escalado irregularmente; um mandado de segurança na véspera de fugir para o exterior; um piloto de helicóptero que trabalha sozinho; um funcionário público corrupto sem que haja corruptor.
Às favas os escrúpulos de consciência, às favas a própria jurisprudência passada (ver o caso do próprio Fluminense em 2010)
Passados quase 40 anos da Lei de Gerson, a elite brasileira deixou claro em 2013 que continua valendo o ditado de que para os amigos tudo, para os outros, a lei. A justiça brasileira nunca foi cega e opera muito bem seus vários pesos e várias medidas.
Proponho que a partir de agora a desigualdade operada pelo Judiciário passa a se chamar Lei do Fluminense.