Maconha, gays e Mujica fazem do Uruguai o país destaque de 2013 na ‘Economist’. Para revista, reformas uruguaias poderiam, se replicadas, fazer do mundo um lugar melhor
A revista “Economist” gosta de dizer aos países o que eles devem fazer. No receituário normalmente estão os cortes de gastos e a abertura das comportas para o mercado financeiro. Este ano, a publicação decidiu elogiar e definir “o país do ano”.
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Autointitulada liberal, a publicação definiu, por exemplo, Margaret Thatcher, morta em abril, como “lutadora da liberdade”. Mas quem venceu o prêmio foi o Uruguai, país governado pelo ex-guerrilheiro tupamaro, socialista e ateu José ‘Pepe’ Mujica. Os motivos: a legalização do casamento gay e da maconha; e o próprio Mujica.
“Quando outras publicações fazem esse tipo de exercício, mas para indivíduos, elas geralmente priorizam para as premiações o impacto, em vez da virtude”, reflete a revista.
“Mas os feitos que mais merecem recomendação são as reformas que abrem caminhos não para melhorarem uma única nação, mas que, se repetidas, podem beneficiar o mundo”.
A lógica segue, com o casamento gay como uma “política que atravessa fronteiras”, por trazer “felicidade humana sem custos financeiros”. Já sobre a legalização da produção e do consumo da maconha, a publicação argumenta que a nova legislação permite às autoridades se “concentrarem em crimes mais graves, o que nenhum outro país fez”.
“Se outros países fizerem, e outros narcóticos forem incluídos, o dano das drogas no mundo seria drasticamente reduzido”.
Mas os elogios são mesmo para Mujica, o chefe do Estado sul-americano.
“Melhor ainda, o homem no topo, o presidente José Mujica, é admiradoramente modesto. Com uma franqueza atípica aos políticos, ele se referiu á nova lei (da maconha) como um experimento. Ele mora numa chácara humilde, vai ao trabalho dirigindo um Fusca e viaja de classe econômica. Modesto mas ousado, liberal e fã de diversão, o Uruguai é o nosso pais do ano”, conclui a revista.
A descriminalização do aborto no Uruguai também foi uma das medidas mais relevantes do ano naquele país, embora o fato não tenha sido mencionado pela publicação britânica.
Agência Brasil