Prefeitura disse que gastos públicos para reparar danos na estátua de Carlos Drummond já somavam R$ 25 mil reais, mas Herbert Parente não quis esperar e fez a limpeza por si só
Ao ouvir no rádio a notícia sobre a pichação da estátua de Carlos Drummond de Andrade, ocorrida na madrugada de Natal, o comerciante Herbert Parente não pensou duas vezes. Pegou thinner — espécie de solvente —, estopa, flanela e pincel e caminhou pelas ruas de Copacabana em direção ao monumento, no posto 6 da praia, na Zona Sul do Rio.
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Os produtos já estavam à mão, já que Parente é dono de uma loja de material de construção. O caminho era razoavelmente curto, pois ele mora na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. As pernas, apesar dos 64 anos de idade do dono, seguiam ligeiras, já previamente embaladas pelas aulas de dança frequentadas às terças e às quintas-feiras. E o destino? Aquele poeta, que, no passado, foi cliente de sua loja, ainda no antigo endereço, também no bairro.
— Drummond comprava comigo. Eu respeitava porque era Drummond, não batia papo com ele, como eu fazia com Mário Lago — afirmou o comerciante. — Também levei boa vontade para a limpeza, pois, sem isso, não acontece nada. Cheguei lá e havia pessoas tirando fotos com a estátua pichada. Pedi licença e comecei a limpá-la. Não deu muito tempo, chegou a imprensa. Eu faria isso com qualquer um, se fosse Caymmi também. Na verdade, no final, queria era dar um beijo na testa dele, ficou tão bonito! Limpei até os pés, que estavam com areia. Mas acabei não fazendo isso, pois não queria aparecer.
A reincidência das ações de vandalismo contra a estátua levou a prefeitura carioca a instalar câmeras de segurança no local. Os gastos com as sucessivas substituições dos óculos danificados pelos vândalos somam R$ 25 mil.
Esta semana Herbert Parente ganhou uma medalha de reconhecimento da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos pela iniciativa.
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com agências e O Globo