Ucranianos derrubam monumento erguido para soldados que lutaram contra nazismo. Em oposição a Yanukovich, grupos de ultradireita comandam ações na capital Kiev para retirar lembranças da União Soviética
O “Soldado Soviético”, monumento erguido na Ucrânia em lembrança às tropas que lutaram contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial, foi derrubado neste domingo (23/02) na região oeste do país. O ato foi realizado por opositores ao presidente Viktor Yanukovich e ligados à ultradireita europeia. O objetivo, segundo os próprios manifestantes, é “limpar símbolos da União Soviética”. “Nós não somos a Rússia nem soviéticos”, cantavam durante o protesto.
As informações foram noticiadas pelos portais Stryi e RT; clique aqui e veja o vídeo da praça já sem o a obra em homenagem aos soldados.
A queda do monumento na cidade de Stryi é mais um episódio envolvendo as diferenças políticas no país. Diversos especialistas confirmam que, além dos problemas sociais e econômicos, o embate ideológico e cultural da população foi o principal estopim da crise.
As ruas de Kiev foram tomadas nas últimas semanas por opositores a Yanukovich, que, ligados à ultradireita da Europa, defendem um projeto liberal, de abertura de mercado e afastamento da Rússia.
Esse posicionamento ganhou apoio da UE (União Europeia) e de credores internacionais. A Ucrânia é um importante polo energético da Europa e desperta o interesse do mercado financeiro. Foi esta corrente – que assume sua vertente nazista – que derrubou monumentos soviéticos ao redor do país e rechaça trégua com Yanukovich.
Na posição dos opositores, que tomaram violentamente às ruas de Kiev por semanas, se associar ao bloco europeu e às políticas liberais europeias representaria “liberdade econômica e social” e um completo rompimento com a Rússia. O vídeo “Eu sou uma ucraniana” com uma jovem que contesta o presidente Yanukovich virou viral na internet – com mais de 6 milhões de visualizações – exemplifica a demanda dos manifestantes.
Como consequência da crise, o Parlamento destituiu o presidente Viktor Yanukovich na manhã de ontem (22) após semanas de pressão, dando contornos dramáticos a situação política da Ucrânia. Hoje, Alexandr Turchinov, líder do Parlamento e aliado da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, foi nomeado presidente interino do país. A nomeação foi aprovada por 285 dos 339 deputados presentes no plenário.
Solange Reis, coordenadora do Opeu (Observatório Político dos EUA), afirma que o que está em curso no país não é um levante popular, e sim um golpe da ultradireita, fomentado pelas potências ocidentais.
“O que está acontecendo na Ucrânia é uma clara derrubada do governo com ajuda externa”, disse. De acordo com a especialista, a “tendência é olhar isso como uma manifestação popular para mudança de um regime. No entanto, as forças políticas de extrema-direita que participam nas manifestações têm forte influência de potência ocidentais, sobretudo União Europeia e EUA”.
Dodô Calixto, Opera Mundi