Senador que gastou R$ 62 mil de dinheiro público para pagar tratamento dentário quebra o silêncio: "não paguei do meu próprio bolso porque não tinha dinheiro"
No centro de uma polêmica desde o final de semana, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) quebrou o silêncio esta semana. Ele concedeu entrevista a jornalistas na sala do apartamento no bairro Petrópolis. O parlamentar defendeu a utilização da recursos públicos para o tratamento com implantes dentários, que custou R$ 62,7 mil aos cofres do Senado. Em sua defesa, alegou que o gasto com o tratamento foi legal e autorizado pela diretoria-geral do Senado. “Não paguei pelo tratamento porque não tenho dinheiro, vivo do salário”, argumentou. Segundo o portal da Transparência do Senado, o subsídio mensal de um senador é R$ 26.723,13.
O peemedebista ainda diz que se arrepende de não ter feito um plano de saúde. “Não fiz porque nenhum senador tem plano”. Simon ainda lembrou que não utiliza a verba parlamentar e, entre os benefícios oferecidos aos gabinetes dos congressistas, se vale apenas do custeio das passagens aéreas entre Brasília e Porto Alegre. Afirmou ainda que pretende apresentar um projeto criando um plano de assistência à saúde dos parlamentares que ponha fim à utilização das verbas públicas para esta finalidade.
O gasto com o tratamento dentário foi revelado pelo jornal O Estado de São Paulo no último domingo. Os implantes foram realizados em 2012 e ressarcidos pelos cofres públicos. O Estado informou que alguns senadores chegam a gastar até R$ 70 mil por tratamento dentário.
O plano de saúde do Senado é vitalício. E não paga apenas despesas de parlamentares. Estão incluídos também ex-senadores e dependentes como filhos, enteados e cônjuges. Para usufruí-lo, o senador não precisa fazer nenhuma contribuição – basta que tenha exercido o cargo por 180 dias ininterruptos.
O plano do Senado estabelece um limite anual de R$ 25,9 mil para gastos odontológicos. No entanto, a reportagem do Estadão teve acesso a documentos que apontam que a Casa tem pago valores que extrapolam de longe esses limites.
Álvaro Andrade, Cenário Politico