Alvo de racismo, quando torcedores o xingaram e jogaram bananas em seu carro, Márcio Chagas da Silva terminou a competição de forma honrosa: sendo ovacionado na final
Após a goleada e título do Internacional sobre o Grêmio em Caxias neste domingo, o juiz deixou o jogo com o punho cerrado e sendo muito aplaudido pela torcida das duas equipes. Logo depois, ele conversou com a imprensa e expôs seu sentimento.
“Temos que abrir algumas feridas, para mostrar a realidade do nosso país, que não tem educação, não tem respeito”, afirmou Márcio. “Nas últimas partidas, isso (aplausos da torcida) tem acontecido, mas não queria que se restringisse a mim, queria que fosse também a todos os meus colegas.”
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Ele ainda comentou sobre seu futuro e deixou no ar que pode se aposentar. “Não sei, até hoje fui árbitro de futebol e não sei amanhã. Pode ter sido meu último jogo”, declarou. “Nas próximas semanas, vou refletir algumas coisas, não vou tomar decisão precipitada. É uma ideia que vem amadurecendo, mas não quero antecipar. Vocês vão saber.”
Márcio também mostrou confiança de que os problemas de discriminação racial diminuam nos próximos anos. “Espero que meu filho, que está para fazer um ano, quando ele tenha uns 15 anos, possa ter mais igualdade do que eu, e que meu pai teve no passado. Sou otimista e tenho essa utopia”, disse.
Rebaixamento do Esportivo
Sobre o episódio lamentável de racismo que marcou negativamente o Campeonato Gaúcho, o árbitro ainda comentou em relação ao julgamento do Esportivo, que acabou rebaixado ao perder nove pontos por causa da postura de seus torcedores.
Depois de o clube ter perdido cinco mandos de campo e recebido uma multa de R$ 30mil, o Esportivo, em novo julgamento, nesta semana, viu a punição se tornar mais rigorosa, o que causou sua queda à segunda divisão.”Não o fato, mas a questão da impunidade faz com o que a gente reflita algumas coisas. Foi muito ruim algumas situações no Tribunal. Ser confrontado, chamado de mentiroso, como se quisesse forjar, foi uma coisa muito negativa”, disse em relação ao elação ao advogado do Esportivo à Rádio Gaúcha.
“Isso não tem preço. A luta valeu a pena. Foi um desgaste muito grande neste um mês e sete dias, minha mãe sofreu bastante. Eu estava incrédulo no tribunal depois do primeiro julgamento. A justiça foi feita, e alguns valores que foram perdidos, espero que sejam resgatados”
com ESPN