Depois do Jornal Nacional amargar os piores índices de audiência em todos os tempos, agora é a vez do Fantástico. O que poderia salvá-lo?
O Fantástico terminou o domingo passado com a pior audiência de sua história. Marcou 13,7 pontos de média no Ibope (a Record fez 10,4 e Silvio Santos, 10). O último pior índice histórico da atração global foi de 15 pontos.
Foi a última edição com o formato atual. A partir da semana que vem, ele volta reformulado. Imagens dessa renovação vazaram através de um site pirata especializado em TV, o que deixou tensos os executivos que esperavam que poderiam surpreender os telespectadores.
Duas coisas vão acontecer com a reestreia do Fantástico. Primeiro, nada. Depois, nada. Nada vai reverter o destino do programa-símbolo do baixo astral do domingo e da falta de imaginação. São tentativas de ressuscitar um cadáver. O Fantástico é um peixe dourado comprado numa feira livre, fora do aquário, se debatendo em cima da mesa.
O que poderia salvá-lo?
Se estivéssemos num ambiente competitivo e não num monopólio, você poderia apostar numa pressão dos fãs. É algo relativamente comum nos EUA. Fãs de programas canceladas por baixa audiência ou por causa de anunciantes que se recusam a patrocinar um material controvertido se articulam para salvá-las.
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Nos anos 70, os admiradores de “Jornada nas Estrelas” organizaram uma campanha para enviar cartas à rede NBC quando souberam do cancelamento após a segunda temporada. Conseguiram esticar uma terceira.
Em 2011, o seriado “Community” estava com a corda no pescoço. Mandaram emails, criaram páginas no Facebook e, finalmente, fizeram um flash mob em frente aos estúdios fantasiados de Papai Noel, cantando a música-tema de um dos episódios iniciais. “Community” está no ar até hoje.
É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que encontrar alguém capaz de amar o Fantástico a esse ponto, um dos maiores casos perdidos da história do entretenimento. Quais as alternativas? Pedir a volta da zebrinha? Sugerir um quadro de humor com o filho de Chico Anysio tentando fazer o que Chico Anysio não fazia, ou seja, arrancar uma risada? Trazer Hélio Costa de onde quer que ele esteja para uma série de reportagens picaretas sobre ciência picareta?
Como nada disso vai acontecer, o Fantástico vai definhar até chegar a 5 pontos e se fundir com o Faustão numa grande orgia televisiva dominical. Vai sumir sem ser notado. Como dizia T.S. Elliot, assim vai expirar: não com uma explosão, mas com um suspiro.
Kiko Nogueira, DCM